quinta-feira, 19 de março de 2009












Revivendo antigas práticas

Que a campanha de 2010 começou cedo, todo mundo já sabe, já sentiu. Chega a parecer normal, num País que vive eleições a cada dois anos. A novidade é que, quando se pensa que as campanhas estão evoluindo para um nível mais alto, voltam à cena antigos métodos.

A iniciativa da direção estadual do Democratas de visitar os 184 municípios pernambucanos, sob a justificativa de "mapear os problemas", é um exemplo clássico. Na tentativa de fazer frente à peregrinação do governador Eduardo Campos (PSB) pelo interior - iniciada na semana passada no Sertão - o DEM (ex-PFL) adota um discurso muito próximo ao que era utilizado pelos seus próprios adversários, outrora na oposição.

O partido apregoa que as viagens de Eduardo tem como objetivo apenas fazer "oba oba" do seu governo. Ora, até onde se sabe, quem governa costuma alardear o que faz. E até o que não faz. Basta lembrar o forte marketing da gestão Jarbas Vasconcelos/Mendonça Filho (PMDB/DEM). Durante oito anos, a chamada aliança jarbista se empenhou em tocar obras de vulto por todo o Estado. A duplicação da BR 232 e o desenvolvimento do Complexo de Suape são dois bons exemplos. E assim como soube tocá-las, soube muito bem propagandeá-las.

Mas eis que o comando é passado às mãos dos adversários. E dois anos após tomar posse, Eduardo Campos sai às ruas do Estado exatamente para alardear as ações da sua gestão, e - antes que comecem a me chamar de "eduardista" -, as que deu continuidade, herdadas da gestão anterior.

Está no seu papel, uma vez que a legislação permite ao governante fazer seu marketing, como fizeram Jarbas/Mendonça e como o faz, agora, Eduardo. Ao mesmo tempo, o estado democrático de direito - conquistado a duras penas - admite o discurso oposicionista livre.

Curioso, porém, é o fato de o Democratas se utilizar do antigo estilo da crítica pela crítica para fazer oposição. Sobretudo após a disputa municipal do ano passado, quando o candidato do DEM à Prefeitura do Recife, Mendonça Filho, fez questão de promover uma campanha a mais propositiva possível.

O DEM só partiu para a briga franca quando seus conselheiros concluíram que o discurso propositivo não estava conseguindo deter a máquina da candidatura João da Costa (PT). Ainda assim, mesmo tornando a campanha mais agressiva, o embate político foi travado, na maior parte, no tapetão, com tentativas de embargo e impugnação na Justiça Eleitoral.

Esta semana, porém, a conversa foi outra. Seguindo os passos de Eduardo, Mendonça e aliados foram ao interior na busca de fortalecer o DEM, mas terminaram por lançar mão de práticas que, ao que parece, não surtem mais tanto efeito no eleitor como há décadas atrás. Não seria melhor o partido evitar o bate-boca, concluir sua caravana, mapear os problemas, analisá-los e apresentar suas propostas? O eleitor agradece.


Um comentário:

Anônimo disse...

PSB, DEM, PMDB, PT... TUDO FARINHA DO MESMO SACO! TODOS SE INSTUCIONALIZARAM E DEFENDEM SEUS INTERESSES!