sexta-feira, 20 de março de 2009













Lula aguenta?

Nuvens escuras começam a se juntar sobre o Planalto Central. As chuvas e trovoadas não estão descartadas. E embora esteja distante do oceano, o governo enfrenta a ameaça de uma ressaca das mais fortes.

De fato, os efeitos da crise econômica começaram a se fazer presentes pelas bandas de Brasília de uma forma que nem mesmo o presidente Lula, do alto do seu otimismo, pode deixar de sentir. É o que comprova a pesquisa Datafolha divulgada hoje pelo jornal Folha de S. Paulo, que aponta a primeira queda na popularidade de Lula, após vários meses em ascensão.

Os sinais de que a crise pegou o presidente estão claros nos cinco pontos percentuais perdidos na sua popularidade, de novembro para cá. Coincidentemente, período em que a crise econômica se agravou. Na última avaliação, Lula dispunha de confortáveis 70% de aprovação do eleitorado. Quatro meses depois, recebeu 65% de sinais positivos.

Ainda é muito. Nunca na história deste País um presidente da República chegou a patamares tão elevados. FHC, no auge do Plano Real, obteve 47%, e a partir daí, rolou ladeira abaixo. Embora afetada pela crise, a imagem de Lula sofreu, até agora, apenas alguns arranhões. Resta saber se ele aguenta o tranco que vem por aí, embalado na tsunami da crise, que ele classificou como "marolinha".

E não se trata apenas da crise. Inevitavelmente, o novo desgaste sofrido pelo Senado - às voltas com novas denúncias de corrupção, inclusive dos seus 181 "diretores" - deve respingar no Planalto. Até porque a briga na Casa envolve os dois principais partidos da base aliada do governo: PT e PMDB.

Mas voltemos aos efeitos diretos da crise, que a cada dia faz com que Lula desperte com um pesadelo diferente. Depois da onda de demissões em massa, provocada pelos abalos no mercado internacional e contra a qual ele pouco pôde fazer, agora vem o anúncio do corte de R$ 21,6 bilhões no Orçamento de 2009, graças à queda na arrecadação de impostos nos dois primeiros meses do ano.

O que falta acontecer? Bom, talvez o registro - feito pelo Datafolha - de que o candidato favorito à sua sucessão continue sendo um opositor, José Serra (PSDB). A pesquisa de ontem mostra que o tucano mantém a liderança com folga, oscilando em torno dos 45%.

Um alento para Lula, talvez, é saber que depois de todos os seus esforços, rodando o país de cima a baixo, conseguiu fazer com que a ministra Dilma Roussef, presidenciável do PT, ganhasse uns pontinhos. Ela agora anda empatada com a candidata do PSOL, ex-senadora Heloísa Helena, lá pelo patamar dos 10% das preferências.

Se não houvesse crise econômica internacional, se a "marolinha" não varresse o Brasil, se não tivesse problemas com os aliados no Legislativo, se não enfrentasse sucessivas denúncias contra setores do governo e se tivesse um pouco mais de dinheiro para injetar no orçamento, talvez Lula estivesse mais sorridente. Mas falta pouco mais de um ano para a campanha começar, e, do jeito que as coisas vão, pode ser que nem mesmo um otimista compulsivo como Lula aguente tanta pressão.

Um comentário:

Mariana Araújo disse...

E nunca na história deste país um presidente visitou tantas vezes Pernambuco! Já perdi as contas de quantas aterrizagens o Aerolula já fez na Base Aérea.