domingo, 8 de março de 2009

Acelerando candidaturas

Se depender do andamento das propaladas obras incluídas o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - carro-chefe do governo Lula - a oposição terá munição de sobra para dar o pontapé inicial na pré-campanha dos seus candidatos à Presidência da República, fazendo frente às andanças da presidenciável do PT, Dilma Rousseff, ministra da Casa Civil e "mãe" do PAC pelo Brasil.

Uma série de reportagens dos jornalistas Giovanni Sandes e Renato Lima, da editoria de Economia do Jornal do Commercio, revela - de hoje até terça-feira - as diferenças entre o discurso e a prática no que é apontado pelos petistas como o maior programa de desenvolvimento do País. Segundo apuraram os repórteres, somente 0,6% de todas as obras financiadas pelo PAC em Pernambuco estão concluídas. Para deixar mais claro: 99,4% das obras ainda estão em andamento ou sequer foram iniciadas. Isso após dois anos desde que o programa foi deflagrado. No País inteiro, ainda de acordo com o levantamento, somente 8% dos projetos contemplados pelo PAC chegaram ao término.

Sem conhecimento mais profundo sobre o assunto, seria injusto afirmar se os números estão ou não dentro do esperado pelos coordenadores do PAC. Mas, sem dúvida, é muito pouco, se levarmos em conta o otimismo do discurso político e a intensa movimentação do presidente Lula e de sua candidata à sucessão feitos pelo Brasil afora, apregoando as vantagens do programa, numa clara exploração político-eleitoral.

Os pequenos índices são um prato saboroso para a oposição, que já começou a atacá-los pela imprensa. Haja visto as recentes declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) a respeito do assunto (veja texto publicado logo abaixo), criticando o uso político do PAC e as diferenças entre o discurso adotado por Lula e Dilma e a prática apontada pelos números.

Ao contrário do Bolsa-Família - programa assistencial que norteou o primeiro mandato petista e garantiu uma elevada popularidade do governo nas camadas economicamente menos favorecidas da população - o PAC mexe com obras de pedra e cal, visíveis a olho nu. E embora traga no próprio nome a proposta de aceleração do desenvolvimento, o atraso no cronograma da ampla maioria das obras bancadas pelo programa deixa uma brecha perigosa para as futuras disputas eleitorais.

Afinal, se um veículo de comunicação, em uma breve visita às obras - ou aos locais aonde elas deveriam estar sendo executadas - pôde constatar que o discurso é bem diferente da prática, imagine o estrago que a oposição, com uma estratégia bem articulada e com acesso aos balanços, relatórios e documentos do PAC pode fazer?

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito oportuna e inteligente a reportagem do JC sobre esse PAC fictício, feito pra enganar os eleitores. E parabéns pelo comentário de Sérgio Montenegro

Anônimo disse...

Só podia ser tucano mesmo. Uma ave cega que não enxerga as melhorias promovidas pelo governo Lula, enquanto o ex-presidente FFHH nada fez pelos mais pobres