quinta-feira, 26 de março de 2009















Nem sempre João é João


À frente da Prefeitura do Recife desde 1º de janeiro deste ano, o petista João da Costa sofreu hoje seu primeiro grande baque político: obteve um pacatíssimo oitavo lugar entre os nove prefeitos de capitais avaliados pela pesquisa Datafolha, divulgada hoje pelo jornal Folha de S.Paulo (Leia aqui). O levantamento conferiu ao recifense a nota 5,5. Bem distante do líder, o curitibano Beto Richa, que comemorou 7,8 de pontuação. Costa ficou à frente, apenas, do prefeito de Salvador, o peemedebista João Henrique Carneiro, com nota 5,1.

Para quem está iniciando uma gestão, não seria nada demais obter um índice baixo de popularidade. Afinal, tratar-se-ia de um governante ainda desconhecido dos cidadãos. Mas não é o caso do prefeito do Recife. Embora estreante no cargo - foi eleito no ano passado para o primeiro mandato - João da Costa chegou à PCR embalado, exatamente, pela fama de bom administrador. Uma fama apregoada aos quatro ventos pelo PT e pelos outros 15 partidos aliados que o apoiaram. E mais: venceu graças à ajuda de um precioso avalista, o então prefeito João Paulo, seu correligionário e padrinho político.

O que aconteceu, então?

A resposta parece complexa. Mas pode ser resumida da seguinte forma: João da Costa foi um deputado estadual sem destaque, até porque não permaneceu na Assembleia Legislativa. Eleito em 2006, tirou licença imediata para reassumir a forte Secretaria do Orçamento Participativo - posteriormente renomeada de Gestão Participativa. Ali, sim, tinha atuação destacada, que lhe garantiu popularidade suficiente para suceder João Paulo.

Com a vitória em outubro passado, assegurada logo no primeiro turno, pesou sobre os ombros do atual prefeito a responsabilidade de substituir à altura seu antecessor, que na última pesquisa realizada pelo Datafolha, em setembro do ano passado, cravou a nota 7,3. João Paulo, aliás, ao longo de suas duas gestões consecutivas, sempre conseguiu se manter no primeiro pelotão, entre os melhores administradores de capitais.

Por justiça, é bom observar a dificuldade de se suceder um companheiro com tão boa avaliação. Sobretudo um companheiro que, além de bom gerente, sabia fazer política de forma ousada, e ainda dispunha de um marketing arrojado. Duas condições com as quais o atual prefeito não conta. O marketing ele certamente deverá intensificar, principalmente após o resultado nada satisfatório da pesquisa divulgada hoje. Já o jogo de cintura político, isso é algo que ele não herdou do padrinho petista. Que o digam os adversários e, mesmo, alguns aliados.

Mas na opinião de especialistas, esse não é um dote essencial a um prefeito. A característica primordial é o talento para gerenciar. E, dessa, João da Costa dispõe. Até, porque, como se diz, enquanto o Estado e o País são figuras federativas, o município é, de fato, onde se vive. E, se bem administrado, irá alavancar a popularidade de quem o comanda.

O que está faltando mesmo é um start do novo prefeito. Investido no cargo há apenas três meses, ele ainda tem amplas chances de recuperar o placar negativo obtido nesta primeira pesquisa. Para isso, no entanto, terá que se desdobrar para superar o trabalho realizado pelo antecessor. E, acima de tudo, imprimir uma marca própria, que ainda não dispõe. Duas tarefas bastante desafiadoras, sobretudo em tempos de crise econômica.

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