segunda-feira, 3 de agosto de 2009














O sanfoneiro cochilou

Alguém sabe quantos pernambucanos largaram suas famílias por aqui e migraram para São Paulo em busca de ganhar a vida? Bom, ao menos a oposição sabe. E o governador paulista José Serra, com certeza, sabe.

A visita do presidenciável tucano a Exu, no final de semana que passou, não foi à toa. Ao reservar um precioso espaço na sua agenda sempre lotada, Serra mostrou o quanto tem em mente a importância do voto dos nordestinos na eleição do ano que vem.

Classificado pelos adversários, em 2002, como preconceituoso com relação ao Nordeste, o ex-ministro da Saúde deixou claro que vai brigar por esse contingente eleitoral em 2010. Dia 17 passado, entregou, em São Paulo, a Ordem do Ipiranga à irmã do compositor Luiz Gonzaga, Chiquinha Gonzaga. E não se fez de rogado ao aceitar o convite para participar, em Pernambuco, da festa que lembrou o 20º aniversário de falecimento do rei do baião, no Parque Aza Branca.

Ao lado dos aliados no Estado, um José Serra animado - e esbanjando simpatia, o que, de resto, não é bem seu forte - caminhou no meio do povo, cantou baião, comeu bode e discursou, como candidato que é. Fez promessas para o futuro e não esqueceu de fazer muitos afagos aos migrantes pernambucanos e seus familiares. Afinal, todos eles têm título eleitoral.

E os adversários locais do presidenciável tucano, aonde estavam? Com certeza, não na celebração. Ignoraram a justa homenagem a um dos mais populares artistas do Nordeste. E mais: esqueceram de abrir o cofre para o suporte financeiro necessário à festa.

Um apoio, de última hora, veio na forma de um aporte de R$ 30 mil, via Fundarpe. Com a justificativa de que em dezembro haverá nova comemoração, pelo aniversário de nascimento de Gonzagão. E, aí sim, o governo do Estado afirma que entrará com mais força. É uma questão de escolha, claro. E de planejamento. Assuntos de cunho administrativo, passíveis de críticas ou não.
Mas e o foco político? Há quem afirme que o suporte financeiro da Fundarpe só teria acontecido após José Serra confirmar presença na festa. Ainda assim, foi difícil encontrar por lá representantes do PSB, do PT, do PDT, do PTB. Só para citar os partidos "majoritários" de um palanque governista composto por 20 legendas, que estarão juntas e lutando para reconduzir o governador Eduardo Campos (PSB) ao poder em 2010. Além de tentar eleger dois senadores, bancadas de deputados e o candidato(a) de Lula ao Planalto.

Na certa, alguma pesquisa deve ter indicado que a presença do bloco governista na festa era desnecessária para fazer frente a José Serra, e que as coisas devem se resolver apenas no ano que vem. Ou talvez tenha faltado uma análise mais apurada dos articuladores políticos governistas sobre o que estava por acontecer em Exu.

Vale lembrar que somente hoje à tarde, após a passagem bem-sucedida de Serra por Exu, foi que o governador assinou a homologação do tombamento da Casa de Januário e do Parque Aza Branca, já aprovado pelo Conselho Estadual de Cultura. A título de sugestão: não poderia ter feito isso in loco, durante a festa?

O fato é que a tucanada dominou o cenário em Exu, com direito a equipes de vídeo para o guia eleitoral e tudo mais. E saiu bem satisfeita. Senão com votos garantidos, ao menos com a missão de divulgar seus candidatos absolutamente cumprida.

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