sexta-feira, 31 de julho de 2009













¿Por qué no te callas?

A pergunta do Rei Juan Carlos de Espanha, dirigida a Hugo Chávez na Conferência Ibero-Americana de 2007, ficou na memória. E bem que poderia ser feita, hoje, ao primo brasileiro do presidente venezuelano: Por qué no te callas, Lula?

Não bastasse o surto de gripe suína, o povo brasileiro ainda tem de enfrentar o vírus da verborragia que acomete certos políticos "populares". Incontido como sempre, Lula passou dois longos meses defendendo com absoluta veemência o presidente do Senado, José Sarney.

Ansioso em assegurar o apoio do PMDB lulista à candidatura Dilma Rousseff, o presidente, como sempre, não mediu palavras para defender o aliado, avalizando com o selo presidencial a conduta do principal pivô dos recentes escândalos naquela Casa. Fingia não se dar conta de que era voz isolada.

Mesmo nadando contra a maré da opinião pública, Lula caprichou nas abobrinhas. Entre elas, chegou a classificar Sarney como uma pessoa de história "incomum" que, portanto, não podia ser atacado daquela forma. Bem ao estilo FHC, quis que a sociedade esquecesse tudo o que ele falou no passado sobre o peemedebista, seu ex-desafeto político, a quem chamou de "maior ladrão do Brasil".

Para refrescar a memória: o PT era o maior bastião da oposição ao governo Sarney nos anos 80, e duro adversário do coronel maranhense na década seguinte. Mas com a virada do século, tudo mudou. O partido chegou ao poder e decidiu abrir mão do jejum. Arreganhou bem os dentes e passou a traçar largas travessas do bom arroz de cuxá, tão maranhense quanto o presidente do Senado, eleito pelo Amapá.

Nos últimos meses, quando as acusações contra Sarney se tornaram indefensáveis, a bancada petista no Senado bem que tentou abandonar o barco. Terminou contida pelo Planalto, que ordenou a presença de todos na linha de defesa. A pena aos amotinados foi a desautorização pública, seguida do silêncio obsequioso.

Ontem, porém, Lula pareceu enfim escutar as ruas. Ou as pesquisas, quem sabe? Mas foi com a cara lavada e enxaguada que, diante dos microfones da imprensa, largou de vez a mão de Sarney. A justificativa? Não votou nele para senador nem para presidente do Senado. Que é, de acordo com a nova postura presidencial, o responsável exclusivo pela crise.

Impressiona como o nosso incauto presidente conta, mais uma vez, com a providencial amnésia coletiva do eleitor brasileiro. Acostumado a se safar dos escândalos políticos, Lula espera, na verdade, que somente Sarney seja tragado pela maré de lama das denúncias, enquanto ele novamente escapa limpo, sem respingos.

Um dia desses, pode terminar sendo tarde demais.


2 comentários:

Ex-petista disse...

É que a imprensa pergunta demais , dá muito espaço na mídia;com isso faz exatamente o que ele quer- ser notícia. São tão imbecis as teses de Lula que seria um favor sermos agraciados com sua completa ausência no noticiario. Todos ganhariam, inclusive o povão que só tem a desaprender com a fala do bestalhão.

Anônimo disse...

Escrevi também sobre isso em meu blog, ontem 31, retratando bem mais uma "tirada da bunda da siringa" de nosso presidente Poncio Pilantrus.


Abraço!