quarta-feira, 19 de agosto de 2009

















Pizzaria Esplanada

O placar foi o mesmo nas 11 representações: 9 votos governistas pelo arquivamento e 6 da oposição pela abertura de processo. E foi assim que, mais uma vez, um escândalo virou pizza no Congresso Nacional, nesta tarde de quarta-feira.

Depois de todas as denúncias, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), foi considerado inocente e está livre para continuar fazendo o que mais gosta: transformando a Casa em um grande Maranhão (tomando emprestada a frase do senador pernambucano Jarbas Vasconcelos).

Alguém esperava o contrário? Depois que o presidente Lula - ex-inimigo e hoje melhor amigo de Sarney - entrou no circuito para defender o aliado, os senadores petistas que integram o conselho sucumbiram, novamente, a pressão do chefe e votaram pelo arquivamento, desequilibrando o placar em favor do coronel maranhense.

Vergonha nenhuma. Afinal, tudo foi feito de comum acordo. E se Sarney tinha algo a esconder, vai manter escondido. Até porque, se era inocente como afirmou, e todas as denúncias não passavam de uma "campanha nazista" articulada pela imprensa contra ele, por que não permitiu que as investigações continuassem até comprovar sua inocência?

Hoje, o Senado inverteu novamente a máxima: Quem deve, não teme. Claro, se tiver um amigo como o presidente Lula e um aliado como o PT. Quem diria que "o maior ladrão do Brasil" - frase do próprio Lula, na campanha eleitoral de 1989 - hoje seria o homem mais inocente do País?

O mais interessante da sessão do Conselho de Ética foi a nota divulgada à imprensa pelo o presidente do PT, Ricardo Berzoini. Ele afirma que a crise no Senado é alimentada pela oposição, visando enfraquecer o governo Lula na disputa eleitoral de 2010, tentando estabelecer um ambiente de conflito num momento em que grandes temas são tratados, como o Pré-Sal e as estratégias para superar a crise internacional.

Palavras bonitas. Mas faltou dizer o óbvio: que a preocupação de Lula em salvar Sarney é exatamente para não perder o apoio do PMDB à candidata do PT em 2010, Dilma Rousseff.

Em resumo, ganharam Sarney, Lula, o PT e o PMDB governista. Os perdedores são a oposição, a moral, a ética. E o povo.

Mas o povo é apenas um detalhe. Não é mesmo, ex-ministra Zélia Cardoso?


PS - Vai uma colaboração ao eleitor que ainda consegue se indignar. Vejam como votaram os senadores integrantes do Conselho de Ética, para o caso de desejarem tomar uma atitude sensata em 2010:

Pelo arquivamento:
João Pedro (PT-AM)

Delcídio Amaral (PT-MS)
Ideli Salvatti (PT-SC)
Welington Salgado (PMDB-MG)
Almeida Lima (PMDB-SE)
Gilvan Borges (PMDB-AP)
Inácio Arruda (PCdoB-CE)
Romeu Tuma (PTB-SP)
Gim Argello (PTB-DF)


Contra o arquivamento:
Demóstenes Torres (DEM-GO)

Marisa Serrano (PSDB-MS)
Eliseu Resende (DEM-MG)
Rosalba Ciarlini (DEM-RN)
Jefferson Praia (PDT-AP)
Sérgio Guerra (PSDB-PE)

Nenhum comentário: