quinta-feira, 20 de agosto de 2009

















PT, saudações!

O que quase todo mundo esperava, aconteceu. Por ordem expressa do Palácio do Planalto, os governistas integrantes do Conselho de Ética do Senado votaram pela absolvição do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), nas 11 denúncias encaminhadas contra ele pela oposição.

Mas o que nem todos esperavam era que o presidente Lula passasse um histórico rolo-compressor por cima do próprio partido para salvar um aliado de outra legenda. Afinal, o PT só chegou aonde chegou – o governo federal – graças às overdoses de corporativismo que marcaram sua trajetória ao longo de muitos anos na oposição.

Os petistas ficaram famosos por suas brigas internas, mas jamais permitiram que elas extrapolassem os limites das reuniões plenárias. Dissidências e tendências distintas, sempre houve, mas no momento da disputa eleitoral, davam lugar a uma unidade monolítica, difícil de combater.

Isso foi até chegar ao poder. Em nome da “governabilidade”, Lula montou em torno de sua administração um bloco multipartidário gigantesco e disforme, recheado de interesses distintos e, muitas vezes, indizíveis.

No episódio do Conselho de Ética, prevaleceu o interesse direto do próprio Lula: garantir a aliança com o PMDB para pavimentar a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência no próximo ano. Nem que isso significasse ter que cortar na própria carne.

Foi o que aconteceu. Agora, se tiver um mínimo de orgulho, o líder petista no Senado, Aloísio Mercadante, entrega o cargo, conforme prometeu, caso o Planalto obrigasse seus senadores a votar a favor de Sarney. Palavra dada, é hora de cumpri-la.

Mas a saída do ex-companheiro de chapa de Lula em 1994 da liderança não deve ser o único preço a ser pago pela salvação de Sarney. Um dos senadores mais decentes do partido, Flávio Arns PR), deixou clara a situação interna após o sapo que teve que engolir: pediu desculpas aos seus eleitores em rede nacional de televisão e abriu a porta para deixar o PT, ao afirmar que o partido deu as costas à sociedade e descumpriu seu ideário.

A justificativa, prevista em lei, permite que um parlamentar saia da legenda sem perder o mandato. “Aspectos eleitorais estão se sobrepondo à ética e ao respeito à sociedade”, bradou o senador dissidente, que é sobrinho de Zilda Arns e do cardeal Paulo Evaristo Arns.

A crítica de Arns aconteceu, inclusive, poucas horas após a senadora Marina Silva (AC) anunciar sua saída do PT após 30 anos de militância partidária. E por motivos semelhantes. Ela foi vítima do rolo-compressor palaciano quando, como ministra do Meio Ambiente, se colocou contra a vontade de Lula de afagar grupos empresariais de exploração da Amazônia. Os empresários venceram, e predominou mais uma vez a autofagia petista em nome do poder.

Curioso é que, após tudo isso, a única declaração que se obteve de Sarney foi que, a partir de agora, o Senado voltará ao normal. Não explicou, porém, se a normalidade a que se referia é a institucional ou a que certamente continuará beneficiando pequenos e poderosos grupos aliados do Planalto.

Um comentário:

Anônimo disse...

Como diz meu pai, "Esperança era uma velha que morava lá em São Caetano (cidade próxima a Caruaru, onde ele mora) e já morreu, faz tempo".

Pois ele tem razão... Esses "assassinos da esperança", ainda matam aquela velhinha a cada dia...

Cazuza quem tinha razão: "Meus heróis morreram de overdose. Meus inimigos, estão no phoder".

Vergonha... Vergonha... Vergonha...