sábado, 8 de agosto de 2009















Quem tem medo de Marina?

Candidata in pectore do presidente Lula à sucessão em 2010, a ministra Dilma Rousseff (PT) não está conseguindo disfarçar os sinais de apreensão diante da possibilidade da senadora acreana Marina Silva trocar o PT pelo PV para disputar a Presidência da República no próximo ano. Hoje pela manhã, Dilma falou pela primeira vez no assunto. Com um sorriso amarelo, afirmou que se dependesse dela, Marina ficaria no PT, e que sua saída seria uma coisa "triste".

Infelizmente, para Dilma e para Lula, a decisão depende exclusivamente da ex-ministra do Meio Ambiente. A possibilidade de Marina Silva entrar na disputa presidencial vem sendo ventilada há pouco mais de uma semana, e ganha corpo a cada dia. Disposta a lançar candidato próprio ao Planalto, a alta cúpula dos verdes já fez o convite oficial, ofereceu mundos e fundos e agora aguarda a resposta.

Nesse meio tempo, Lula se inquietou. Sinalizou várias vezes contra a saída de Marina e mobilizou aliados de primeira linha para evitar a baixa petista. Entre eles, o ex-ministro José Dirceu - que continua no papel de eminência parda do PT. O recado foi claro: Lula não quer outra mulher disputando sua sucessão. Essa seria uma grande ameaça ao discurso do ineditismo da candidatura Dilma.

Outra grande ameaça consiste no próprio currículo de Marina Silva, limpo e irretocável. A ex-ministra nunca esteve envolvida com denúncias de qualquer espécie, e, de quebra, faz parte daquela ala "quase" independente do PT, que não costuma dizer amém a tudo que prega o presidente. Uma postura, inclusive, que lhe custou o ministério, quando se dispôs a combater a exploração da Amazônia por empresários "amigos" do governo Lula.

A imagem de candidata independente pode, sim, produzir estragos no palanque do PT e inibir o discurso de Dilma Rousseff. Ela e Lula sabem disso. E receberam pesquisas que confirmam a eventual candidatura verde como uma ameaça à solidez do palanque governista. Embora ainda não faça sombra ao peso eleitoral do presidenciável tucano José Serra, favorito em todos os levantamentos realizados.

O PSDB, aliás, foi um dos estimuladores da candidatura de Marina pelo PV, como forma de enfraquecer o palanque de Dilma e, ao mesmo tempo, resolver um problema em São Paulo, onde os verdes são aliados dos tucanos, e se arriscariam a um racha caso apoiassem Dilma Rousseff.

Como não podem atacar Marina Silva - que ainda é correligionária - a estratégia de Lula e Dilma, por enquanto, é a de elogiar a trajetória de lutas da senadora e afirmar sua importância nas fileiras do PT. Mas tudo isso deve mudar se a opção da ex-ministra for mesmo pelo PV. Aí, sim, ela vai virar uma perigosa inimiga.

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