terça-feira, 25 de agosto de 2009














Marina bate Dilma... Na França

Com a ideologia verde em alta na Europa, pelo menos por lá a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, já marca pontos importantes sobre os demais concorrentes à Presidência em 2010, sobretudo a ministra Dilma Rousseff.

Ontem, Marina foi parar nas manchetes do maior jornal da França, e um dos mais importantes do Velho Mundo: o Le Monde. Sob o título “No Brasil, uma ex-ministra desafia o grupo de Lula”, o periódico é só elogios à senadora acreana, citada como presidenciável.

A correspondente do Le Monde no Brasil, Annie Gasnier, diz que “nada parece deter Marina. Nem a saúde frágil nem o desafio de uma futura campanha presidencial em uma legenda pequena”. E destaca a coragem da ex-ministra de abandonar um partido que ajudou a fundar, onde militou mais de trinta anos e colaborou para chegar ao poder, para “se lançar de surpresa” à Presidência da República.

Na entrevista ao jornal francês, Marina resume em uma frase as razões para ter deixado o PT. “A falta de vontade em defender o meio ambiente”. Mesmo argumento que a levou a deixar o ministério em maio de 2008.

Em seguida, a reportagem desfia uma lista de críticas ao governo Lula, que vão desde o descaso com as questões ambientais – sagradas para os europeus – até o mensalão e as articulações para salvar o mandato de José Sarney. “Criada na Amazônia, companheira de lutas do sindicalista Chico Mendes, Marina se dedicou com paixão à uma causa que lhe oferece visibilidade internacional”, afirma, com razão, a reportagem. Acrescentando que filiada ao PV, ela se fará ouvir melhor que no PT.

Depois de citar as pesquisas iniciais, que lhe conferem 3% das intenções de votos, o Le Monde sobrevoa o currículo de Marina, de empregada doméstica – antes de se alfabetizar na adolescência – a aspirante ao convento, do qual desistiu para se unir às causas ecológicas. E, por fim, a opção por tornar-se evangélica.

O melhor, porém, ficou reservado para o fim do texto, até como advertência ao Palácio do Planalto sobre o que pensa a mídia européia. “A trajetória exemplar de Marina como militante ligada aos movimentos sociais pode atrapalhar os planos da ministra Dilma Rousseff, que Lula gostaria de fazer como sucessora”, escreve Annie Gasnier.

A repórter lembra as divergências entre Marina e Dilma sobre questões ambientais, e arremata, numa comparação arrasadora: “Gestora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Dilma Rousseff está disposta a sacrificar a natureza em nome do desenvolvimento”.

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