domingo, 3 de maio de 2009














O sonho dos paladinos

Esta semana, o grupo de deputados da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção, formada na Câmara Federal, procura o presidente da Casa, Michel Temer, para propor a criação de uma comissão oficial com a quixotesca missão de fazer “andar” todos os projetos em tramitação que tenham como objetivo moralizar o Poder.

Explico o termo “quixotesco”: o grupo – do qual faz parte o pernambucano Paulo Rubem Santiago (PDT) – é formado por um pequeno punhado de parlamentares que sonham com uma faxina ética no Legislativo. E, por que não, nos demais poderes constituídos do País.

Em meio à onda de escândalos, a iniciativa é louvável. Mas esbarra na cultura política atual, que se baseia – falando num sentido generalista – na famosa lei de Gérson. Aquela que diz que você deve levar vantagem em tudo.

Poucos são os que se dispõem, hoje, a abrir mão e combater as mordomias e as facilidades, garantidas por leis e normas internas, para botar a mão nos recursos públicos. O chamado “dinheiro de ninguém”. Quer seja em passagens aéreas, quer em verbas de gabinete ou indenizatórias, cuja prestação de contas termina, por vezes, num tratado absolutamente fantasioso.

Os “paladinos” querem, ainda, rever a atual fórmula de indicações dos procuradores de Estado e dos conselheiros de contas, hoje escolhidos por indicação política. Ou seja: além de combater o livre uso de verbas públicas pelos colegas, querem coibir o abuso de apadrinhamentos. Uma missão quase impossível.

O grupo adverte que se a comissão proposta não for aprovada, vai fazer o trabalho de maneira informal. Seus integrantes vão reunir, espontaneamente, todos os projetos e ações voltados ao combate à corrupção pública e tentar fazer com que sejam colocados em votação. Mesmo cientes de que a derrota, em vários casos, é iminente, dada à ampla maioria de deputados e senadores que preferem manter o status quo.

Vale, porém, a iniciativa. Na menor das hipóteses, é mais uma forma de chamar a atenção da sociedade para as brechas utilizadas pelos parlamentares para burlar a ética e meter a mão no dinheiro que tem dono, sim. O contribuinte. Que vai às urnas no ano que vem.

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