quinta-feira, 14 de maio de 2009















A culpa é de quem mesmo?

Seria estranho, se não estivéssemos falando da atual política no Brasil. País onde a opinião pública e a imprensa, de repente, são apontadas como os grandes vilões, bodes expiatórios dos desmandos. Pelo menos é o que parte dos congressistas quer nos fazer acreditar.

O episódio da substituição do deputado Sérgio Moraes, do PTB gaúcho, da relatoria do processo de quebra do decoro parlamentar contra o colega Edmar "dono do castelo" Moreira (sem partido-MG) tornou-se a arena onde os leões - no caso, os deputados do Conselho de Ética da Câmara - passaram a tentar devorar jornalistas e eleitores.

Depois de Moraes ter afirmado estar se lixando para o que pensa a opinião pública, e acusar a imprensa de distorcer suas declarações, vários parlamentares assumiram o mesmo tom. Passaram a culpar os meios de comunicação pelos escândalos registrados na Casa.

Ora, a imprensa tem se ocupado tão somente em divulgar o que acontece no Senado e na Câmara dos Deputados. E como por lá, ultimamente, só acontecem escândalos, crises e denúncias de corrupção e negociatas, os jornais só poderiam refletir o cotidiano dos congressistas.

É muito mais fácil culpar terceiros por seus próprios desvios. Mas diante da sucessão de desastres que vem marcando a rotina nas duas casas legislativas, vai ficando cada vez mais difícil convencer a opinião pública de que os congressistas não são os responsáveis por todos eles.

Bem ou mal, o País vem passando por mudanças, inclusive no modo dos eleitores encararem a política egoísta e suja, feita por quem foi colocado lá para representar o povo. E reafirmar insistentemente que não está preocupado com o que pensa a opinião pública só dará aos eleitos uma sobrevida menor no poder.

Tratar o eleitor como gado vai, sem dúvida, custar mais caro a partir do ano que vem. Ninguém duvide dos efeitos drásticos que as urnas podem revelar, diante do cenário obscuro exposto hoje no Congresso Nacional.

Nas eleições de 2006, o índice de abstenção foi de 16,75%. Mas em 2010, a esperança é de que, em vez de se ausentarem ainda mais, os eleitores – mais conscientes, graças, exatamente, à divulgação dos escândalos, e menos afeitos aos cabrestos impostos por tantos Moraes e Moreiras – compareçam em massa para dar o merecido troco.

Pena que o progresso seja mais lento do que deveria. Dada a dimensão continental do País, lamentavelmente alguns desses maus políticos ainda conseguirão se safar do prejuízo.

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