quinta-feira, 7 de maio de 2009




















Ele é a cara do Congresso!

Depois da cassação de Severino Cavalcanti, enfim aparece um parlamentar que concentra as características necessárias para simbolizar o atual perfil do nosso Congresso Nacional. Trata-se do semi-obscuro deputado federal Sérgio Moraes, do PTB gaúcho.

Relator do processo aberto contra o deputado Edmar Moreira – aquele dono de um castelo avaliado em R$ 25 milhões – por quebra do decoro parlamentar, Moraes deixou claro que pretende dar parecer a favor do colega. O gaúcho disse publicamente que não via razão para condená-lo, por avaliar que Moreira não cometeu irregularidade ao utilizar R$ 230 mil da verba indenizatória a que os parlamentares têm direito para pagar por “serviços de segurança” prestados a ele por sua própria empresa.

Mas o principal indício de que Sérgio Moraes reflete a imagem atual do Congresso ficou evidente quando ele foi questionado por jornalistas sobre se não estaria preocupado com a má repercussão, junto à opinião pública, ao fazer uma absolvição prévia de Edmar, sem aprofundar as investigações. Em resposta, com a cara mais lavada, Moraes saiu-se com esta: “Estou me lixando para a opinião pública. Até porque parte dela não acredita no que vocês escrevem. Vocês batem, mas a gente se reelege”.

O tom da afirmação, por si, já é descortês. Mas engana-se quem pensa que a grosseria do deputado gaúcho recai diretamente sobre a imprensa. Ao demonstrar tamanha “autoconfiança”, o nobre parlamentar – que fez questão de afirmar ter sete mandatos e uma esposa prefeita – revela total desprezo pelo julgamento dos seus próprios eleitores que, para ele, seriam incapazes de reconhecer uma atitude de improbidade e desatenção para com o bem público.

Em tempo: uma rápida pesquisa na internet revelará um currículo nada brilhante de Moraes que, entre outros pontos, já foi processado por receptação de jóias roubadas e lenocínio e agressão. Como prêmio, foi escolhido para integrar o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Não é curioso?

Esse novo episódio é, acima de qualquer coisa, mais uma prova de que grande parte dos congressistas está, mesmo, se lixando para o que a opinião pública pensa das suas iniciativas pouco louváveis, acostumados que estão a garantir sua reeleição por currais eleitorais. Prática que se arrasta no Brasil há séculos, por mais que se combata. Graças, principalmente, aos Moreiras e Moraes do Parlamento, que se acreditam donos dos próprios mandatos. E pior, do dinheiro público.

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