segunda-feira, 11 de maio de 2009
















A chance de Jarbas

A máquina pública é um excelente cabo eleitoral para quem está no poder e seus aliados. Culpa da atual legislação do País, frouxa, permissiva e cheia de brechas. Pior para quem não aproveitá-las. Não é o caso do governador Eduardo Campos (PSB), que tem conseguido tirar dividendos significativos da situação sem, no entanto, abrir flancos para ser atacado.

As sucessivas manifestações de apoio que o governador vem recebendo - sobretudo de prefeitos e lideranças de partidos adversários - nas suas visitas a municípios do interior do Estado, podem até irritar dirigentes oposicionistas, mas não são nenhuma novidade.Antes de Eduardo, outros fizeram o mesmo.

O que vai ou não diferenciá-lo dos demais é o uso político desse favorecimento. Por enquanto, o governador tem agido bem, minimizando publicamente os apoios recebidos para não melindrar a oposição, e deixando a cargo de interlocutores o trato dessas adesões nos bastidores, longe dos olhos da opinião pública.

Em nível nacional, não foi diferente com o presidente Lula, por exemplo, quando disputou a reeleição. Um governante com a popularidade alta, a máquina na mão e ciente das dificuldades dos prefeitos em conseguir recursos para obras nas suas cidades, só não se projeta se errar feio nas articulações.

A regra é se dar bem com tudo isso. Mas já houve exceções. Recentemente, a própria União por Pernambuco perdeu o poder no Estado para Eduardo Campos exatamente por não ter conseguido fazer bom uso do instrumento da máquina. Deixou escapulir por entre os dedos a vantagem, e os socialistas, que começaram a campanha com o apoio de pouco mais de dez prefeitos, terminaram vitoriosos.

Um erro que Eduardo quer evitar. E trabalhando em silêncio, sob a justificativa de promover apenas situações administrativas - ainda que beneficiem prefeitos adversários - ele vai construindo um palanque com alicerces fortes.

A estratégia pode trazer para o governador um ganho extra, porque o adversário que o Palácio não deseja enfrentar em 2010 é o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), visto como o único que poderia fazer sombra à reeleição do governador. E Jarbas, por sua vez, não tem vontade de voltar a disputar o governo, colocando em risco, inclusive, a boa vitória que obteve sobre os socialistas em 1998.

Com a oposição enfraquecida pelo rolo-compressor do governo e sofrendo mais baixas a cada viagem de Eduardo pelo interior, o senador peemedebista tem a desculpa perfeita - fornecida pelos próprios adversários - para justificar a renúncia à candidatura. Que, afinal, foi cogitada por seus aliados, mas nunca por ele próprio.

Um comentário:

Carlos Neves disse...

FURACÃO DUDU: Fez mais uma VÍTIMA. A ex-futura candidatura JARBAS ao Governo de Pernambuco, em 2010. Vai sobrar prá muita gente. Falta de aviso, não foi !