segunda-feira, 25 de maio de 2009














Pesadelo collorido

Difícil a situação de quem esteve fora do Brasil por uns quinze ou vinte anos, e voltou agora. Pelo menos no campo da política, vai tomar um susto após o outro. Domingo passado, o ex-presidente Fernando Collor de Mello - hoje senador Pelo PTB de Alagoas - deve ter surpreendido muita gente na entrevista que concedeu ao programa Canal Livre, da Band.

Collor não quis falar muito do seu governo. Ainda demonstra mágoas pela renúncia, forçada para tentar escapar ao processo de impeachment deflagrado após as denúncias de corrupção. Evitou o tema PC Farias e as investigações da CPI no Congresso Nacional. Preferiu ater-se aos temas atuais. Em certo momento, fez uma defesa veemente do Parlamento, do qual faz parte, criticando as generalizações das acusações de corrupção e condenando a tese do fechamento da Casa, apregoada pelos mais radicais.

É bom lembrar que quando estava no Palácio do Planalto, Collor tratava o Congresso a pão e água. Raramente recebia parlamentares, não negociava projetos com a Casa e ignorava pedidos de nomeações e de liberação de verbas. Governava como se não precisasse do Legislativo. Foi um dos motivos que contribuíram para a sua queda.

Abandonando aquela postura arrogante que tornou-se sua marca registrada, o ex-presidente reconheceu o erro. Admitiu ter desprezado os frequentes conselhos de ministros e líderes partidários para que desse mais valor ao Parlamento e afirmou que somente agora, como senador, tem a noção exata da importância das duas Casas.

Noutro momento de causar espanto aos mais desavisados, Collor praticamente jurou fidelidade ao presidente Lula. Aquele mesmo petista a quem impôs uma derrota humilhante na disputa presidencial de 1989, e contra cujo partido vociferou cobras e lagartos ao longo de todo o processo de impeachment.

De volta à vida pública após 14 anos, o senador alagoano agora é fiel aliado, e por isso mesmo foi premiado pelo governo petista com a presidência da Comissão de Infra-Estrutura do Senado, na qual promete agir como uma espécie de copiloto do Programa de Aceleração do Crescimento, auxiliando a ministra Dilma Rousseff, a gerente do PAC.

Dilma, aliás, foi citada por Collor várias vezes na entrevista como o melhor nome para suceder Lula em 2010. Se alguém dormiu por tantos anos e acordou na noite do domingo passado, certamente pensou estar tendo um grande pesadelo.

Um comentário:

Alex Wagner disse...

Cinismo. Essa é a palavra apropriada. Nos mostra bem q a idéia de fechamento das 2 casas de pantanha é perfeitamente viável. Esse é um modelo q já não atende à Democracia, serve apenas pra saciar a sede de quem vive das benesses do dinheiro público e dos poderosos economicamente, já q os financiam. A função de legislar deveria ser para um corpo técnico, aprovado em concurso público, ganhando o suficiente para manter-se longe dos lobis e suas falcatruas. Claro q eles não podem ter privilégios como foro privilegiado e outros mecanismos q atualmente alimentam o cinismo de nossos paralamentares (isso mesmo). As grandes questões nacionais consultariamos o povo, através de plebiscito. Essa é uma verdadeira democracia. Pena q isso é um sonho distante, pois nossa constituição os protegem imutavelmente, daí a necessidade de uma nova constituição.