sexta-feira, 15 de maio de 2009


















Raposismo petista

Na política, como na guerra, é preciso escolher bem os aliados. Alguns, uma vez no poder, podem tornar-se tão perigosos ao ponto de atrapalhar uma estratégia bem montada, em vez de contribuir para sua boa execução.

É o que acontece hoje com o PT em Pernambuco. Aliado de primeira hora do governador Eduardo Campos (PSB), com a proximidade das eleições - nas quais o governador pretende tentar a recondução ao cargo - os petistas, mais uma vez, voltam-se para o próprio umbigo, pensando muito mais nas suas intermináveis disputas internas que num projeto maior de manutenção e ampliação do poder no Estado.

A grita que ora surge no partido pela substituição do vice-governador João Lyra (PDT) na chapa de Eduardo nada mais é que uma continuação da batalha sem trégua entre os grupos petistas liderados pelo secretário estadual das Cidades, Humberto Costa, e pelo ex-prefeito do Recife, João Paulo. Os dois, que há duas décadas disputam a hegemonia da sigla, ficam cegos para qualquer outro tema quando se trata de anular as forças do rival.

Nesse mais recente episódio, o que se percebe é uma tentativa do grupo de Humberto de neutralizar o favoritismo de João Paulo na disputa por uma vaga na chapa encabeçada pelo PSB. Ao clamar por um debate em torno da vice, já praticamente definida pelo governador novamente para João Lyra, os adversários do ex-prefeito tentam forçar a rediscussão do nome majoritário do PT.

Eduardo Campos, indiretamente, mandou um recado curto e grosso aos aliados: é ele, e apenas ele, quem coordena o processo. E não permitirá que desavenças internas em um dos partidos prejudiquem todo o projeto de preservação do comando do Estado.

Ao mesmo tempo em que era divulgada a nota do governador por porta-vozes do PSB, João Paulo fazia um rápido movimento de defesa e contra-ataque. Retirou, momentaneamente, a sua pré-candidatura ao Senado, deixando para Humberto o ônus do desgaste com os socialistas.

Resguardando-se da gritaria dos adversários, o ex-prefeito neutraliza a investida sobre a sua postulação e expõe o outro lado do PT. Que embora mais próximo de Eduardo, aparece agora como o vilão do processo de desarticulação do palanque.

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