terça-feira, 1 de setembro de 2009














Uma conta (pré)salgada

Lá vai Lula de novo, mais uma vez colocando a sucessão presidencial de 2010 acima dos pontos de pauta mais importantes do seu governo.

Agora, é a vez do pré-sal. A descoberta mais importante da década, em termos de matriz energética, vai, aos poucos, se transformando em combustível para alimentar a candidatura de ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, presidenciável do PT.

Para regulamentar a exploração das novas fontes petrolíferas brasileiras, o presidente precisa do aval do Congresso Nacional. Que, como todos sabem, não faz nada de graça. Nem que seja movido pelos interesses nacionais.

Coube a Lula, então, atender mais uma vez aos aliados e a si próprio. Em meio a reuniões com adversários e solenidades teatrais, enviou rapidamente ao Congresso o pacote de quatro projetos que precisam de aprovação do Legislativo para que o pré-sal comece a ser explorado.

Não deu atenção nem à Confederação Nacional da Indústria, que em nota aconselhou o Planalto a tratar o assunto com a sociedade, antes de sair aprovando leis impensadas, a toque de caixa.

Não se explica – a não ser pelo fato de as eleições se avizinharem – essa pressa do Planalto. Primeiro, enviou as matérias em regime de urgência. Depois, retirou o pedido de agilização. Em seguida, mandou novamente os parlamentares se apressarem.

Por que tudo isso se, afinal, o petróleo já é nosso? Está ali, nos veios que cruzam os subsolos do Brasil há muitos anos. Para que empurrar a votação em 90 dias – como determina o regime de preferência – se o trabalho de prospecção é lento e gradual?

Porque a prospecção dos votos para Dilma não é. Precisa ser rápida, para tentar ultrapassar o favoritismo de José Serra (PSDB), evitar a aproximação de Marina Silva (PV) e, acima de tudo, vencer o desgaste tradicional de todo final de governo.

Deve ser por isso que Lula não abre mão de colocar nas relatorias dos projetos, deputados e senadores do PT e do PMDB, os dois maiores partidos da base aliada. Nada de dar chances para a oposição tirar qualquer proveito da descoberta, ainda que ela esteja acima dos interesses eleitorais, e sirva para ajudar muito o Brasil na guerra pelo mercado de combustíveis.

De fato, a chama que impulsiona Lula e sua turma, hoje, é mesmo outra. Que eles pretendem manter acesa por pelo menos mais quatro anos.

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