segunda-feira, 21 de setembro de 2009










Governismo epidêmico

Faltam pouco mais de dez dias para o término do prazo de filiação partidária para candidatos às eleições do próximo ano, e até agora não se viu tanto troca-troca de legendas como na disputa passada. O que não é surpresa. Afinal, depois que a Justiça Eleitoral promulgou a resolução estabelecendo a fidelidade partidária - medida que o Congresso Nacional deveria ter votado, mas se recusou - quem mudar de sigla sem justificativa apropriada pode perder o mandato.

A aproximação da data final, porém, deve revelar novo surto de uma doença que costuma pegar de jeito uma ampla faixa de políticos brasileiros: o governismo. Os sintomas - nem sempre muito evidentes - consistem em mudanças bruscas de posição política, um inexplicável sentimento de simpatia pelo governante ao qual o acometido da doença costumava fazer oposição, amnésia e negação do próprio passado.

Se você percebeu algum desses sintomas no político em que votou, não se assuste. O governismo não mata. Ao contrário, promove. Via de regra, deixa a "vítima" mais poderosa e mais ativa. Às vezes até um pouco mais rica. Em outras, aumenta o potencial de votos. No ápice, pode garantir até uns carguinhos extras.

O governismo só é nocivo ao eleitor e à sociedade. Afinal, político brasileiro vinculado a uma ideologia política ou a conteúdos programáticos de um ou outro partido, é algo raro. Política, hoje, se faz por conveniência, afinidades pessoais e oferta de vantagens.

Por isso a expectativa quanto ao encerramento do prazo de filiações de candidatos. A data será uma espécie de termômetro, que vai auferir se a febre do governismo aumentou ou diminuiu.

Em Pernambuco, a doença está cada vez mais espalhada. Nos próximos dias, deve contaminar um bom número de prefeitos e vereadores. E certamente chegará com mais potência à Assembleia Legislativa.

Já na esfera nacional, diante da indiscutível força política da máquina governista pilotada pelo presidente Lula - alimentada pelo Bolsa-Família e agora movida a petróleo do pré-sal -, é provável que o governismo, a partir de outubro próximo, ganhe uma dimensão epidêmica.

Os "pacientes" passarão por um período de aproximadamente um ano de incubação. A má notícia - para eles - é que apesar da contaminação voluntária, nem todos conseguirão a cura nas urnas de 2010.

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