quarta-feira, 2 de setembro de 2009


















Imortal como nunca!

Ele já havia se imortalizado pelo estilo agressivo, tipo rolo-compressor, de fazer campanha. Embora fosse considerado "zebra" no início da disputa, chegou à Presidência da República, prometendo caçar os marajás do serviço público.

Em seguida, se imortalizou como o primeiro presidente brasileiro a sofrer um processo de impeachment. Embora tenha renunciado poucas horas antes da decisão final do Congresso, que o afastaria do cargo.

Também se imortalizou pelo bem montado esquema de corrupção durante seus dois anos de governo, com a ajuda do ex-tesoureiro de campanha. Embora seus sucessores tenham caprichado nas tentativas de superá-lo nessa área.

Mas agora, é oficial. Fernando Collor de Mello foi eleito para a cadeira nº 20 da Academia Alagoana de Letras, assumindo de vez o título de imortal. Embora ainda não tenha escrito sequer um livro. Seu pai, o ex-senador Arnon de Mello, foi um dos integrantes da instituição, que tem como membros mais famosos o ex-presidente da Academia Brasileira de Letras, Ledo Ivo, e o lexicógrafo Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira.

Collor se apresentou como candidato único à vaga que pertencera ao médico Ib Gatto Falcão, falecido em dezembro passado. Debaixo do braço, trazia algumas plaquetes de discursos proferidos e um esboço do que promete ser seu primeiro livro, contando a sua versão do processo que o levou à renúncia, em 1992.

Na Academia Alagoana de Letras há 40 cadeiras. Dos 39 atuais integrantes, 30 apareceram pela manhã para votar. Collor obteve 22 votos em seu favor. Os outros oito foram em branco. Não se sabe se por falta de opção ou crise de consciência dos seus autores.

Um detalhe importante: o principal interessado não compareceu à votação. Estava em Brasília, cuidando das atividades no Senado. Ponto pra ele! Afinal, depois de 14 anos sem mandato - oito dos quais com os direitos políticos cassados, à revelia, pelo Supremo Tribunal Federal (STF) - que bom que demonstre interesse no trabalho legislativo.

Trabalho do qual esteve licenciado por duas vezes. Na primeira, afastou-se do Senado logo após a posse, de 1º de fevereiro a 29 de agosto de 2007, para tratar de "interesses pessoais". Foi substituído pelo primo e primeiro suplente Euclydes Mello.

Na segunda licença, em 2008, saiu por 120 dias para participar das campanhas de candidatos do PTB a prefeito em Alagoas. Dessa vez, o próprio Euclydes Mello era candidato à Prefeitura alagoana de Marechal Deodoro. Collor foi então substituído pela segunda suplente, Ada Mello. Atenção aos sobrenomes: sim, Ada também é prima de Collor.

Assim se faz política em Alagoas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Prezado Blogueiro, a pretensa renúncia de Collor não foi aceita pelo Senador Mauro Benevides e o processo de impeachment correu até o desfecho: a cassação de Collor (com minúscula mesmo).