domingo, 6 de setembro de 2009
















A ministra do dedo verde

Quando assumiu o Ministério das Minas e Energia, em janeiro de 2003, a até então obscura economista Dilma Rousseff tinha como meta evitar, a todo custo, um novo apagão. E levou a missão ao pé da letra.

Defensora das privatizações no setor – ao contrário de muita gente do seu partido – ela estimulou a produção de energia, inclusive com do uso dos rios para hidrelétricas, carvão e petróleo nas termoelétricas, e o que mais conseguisse arranjar.

Vez por outra, batia de frente com ambientalistas, inclusive o ministro da área, Gilberto Gil. Mas cumpriu a função que lhe fora designada, com as bênçãos do presidente Lula, que de tão satisfeito, a promoveu a ministra da Casa Civil.

Pois bem, no País da memória curta, qual não foi o susto de muita gente ao descobrir, ao longo da última semana, que Dilma Rousseff tem consciência ambiental e ecológica. Isso mesmo! E mais ainda: elegerá como uma das suas prioridades, a partir de agora, um plano de desenvolvimento sustentável para a Amazônia.

Esse plano – uma espécie de PAC do meio ambiente – foi encomendado por Lula às pressas, minutos após a filiação da ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ao Partido Verde, legenda pela qual ela deverá disputar a Presidência da República contra... Dilma!

Com os temas ambientais em alta, mais do que nunca, no mundo inteiro, Lula não perdeu tempo. Não pretende assistir todo o esforço que vem fazendo para eleger sua ministra da Casa Civil descer rio abaixo, com hidrelétricas e tudo.

Vale lembrar que, para conseguir a implantação do Fundo da Amazônia, a própria Marina Silva – e depois seu sucessor, Carlos Minc – tiveram que enfrentar vários embates com a ministra da Casa Civil, encarregada por Lula de tratar do assunto, ao qual ela não costumava dar a real importância.

De fato, até a entrada de Marina no páreo Dilma jamais tinha agregado a questão ambiental ao seu discurso. Não combina com ela. Seu foco é, e sempre foi, exatamente o contrário disso: a “mãe do PAC” defende com unhas e dentes a ampliação da infra-estrutura do País, custe o que custar. Inclusive ao meio ambiente.

Diante do fator Marina – que chegou assustando os petistas, por ser uma presidenciável mulher, ligada aos movimentos sociais e com consciência ecológica – Dilma está imersa em seu gabinete, tomando aulas sobre questões ambientais e desenvolvimento sustentável. Na cartilha, elaborada para ela a toque de caixa, temas como o aquecimento global, o desmatamento da Amazônia, energias renováveis e tantos outros.

Agora é só esperar as próximas aparições públicas da presidenciável petista. Cujo discurso, certamente, estará mais “verde” do que nunca. Ao menos até outubro de 2010.



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