terça-feira, 14 de julho de 2009














Pior é roubar galinha


"Estou morrendo de vergonha! Pensando em ir para casa. Não tenho mais nada a fazer aqui." Senador Pedro Simon (PMDB-RS), após pedir, em plenário, a renúncia de José Sarney


A iniciativa do ainda presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), de tornar nulos os 663 atos secretos que ele, até poucos dias atrás, garantia não existirem, veio com um atraso de duas semanas. Deveria ter sido anunciada durante o período junino, tamanha é a sua pirotécnica barata.

Pivô de tantas denúncias e escândalos desde que assumiu a presidência do Senado, em fevereiro deste ano, Sarney tentou uma jogada meramente política ao declarar a nulidade dos atos: desviar o foco das demais denúncias e melhorar sua imagem, ao menos diante da parcela menos esclarecida da sociedade.

Depois de receber auxílio-moradia irregular, sonegar bens à Receita Federal, praticar nepotismo cruzado, permitir negociações privadas de um neto dentro do Senado, e tantos outros desmandos, Sarney vem se segurando ao cargo graças ao ex-arqui-inimigo Lula, que só pensa em manter o apoio do PMDB à presidenciável petista Dilma Rousseff em 2010.

Nos dias recentes, porém, choveu esterco sobre Sarney. Novas denúncias indicam que ele manteria uma conta bancária no exterior, atualmente com 870 mil dólares, aberta e gerenciada por seu amigo pessoal, Edemar Cid Ferreira. Aquele ex-controlador do Banco Santos – liquidado pelo Banco Central – que foi condenado a 21 anos de cadeia por lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e formação de quadrilha.

Mais esterco: a Fundação José Sarney – entidade privada instituída por ele no Maranhão para manter um museu com o acervo do período em que foi presidente da República – teria desviado para empresas do clã Sarney dinheiro repassado pela Petrobrás a título de patrocínio para um projeto cultural que nunca saiu do papel.

Está ficando chato ler, todos os dias, tanta sujeira saindo debaixo do tapete do chefe da Câmara Alta, como é chamado o Senado pela excelência da sua função. Só repeti aqui para amarrar um pensamento que, garanto, é o de muita gente: Com dez por cento dessas acusações, um cidadão comum ia parar na cadeia, destino final dos chamados “ladrões de galinha”.

Infelizmente, não é o caso.

Um comentário:

Mariana Araújo disse...

Sarney, acostumado sempre com uma vida fácil do "toma-lá-dá-cá", chegou à presidência do Senado e quis fazer de lá a extensão da sua casa. Só que nem o Maranhão - ou o Amapá - se convence mais disso.