quarta-feira, 8 de julho de 2009















Uma reprise previsível

O clima de mal-estar que se instalou dentro da equipe do governador Eduardo Campos (PSB) por causa da greve dos professores, iniciada na segunda-feira, expôs mais uma vez a dificuldade da base do PT em partilhar gestões com aliados. Dessa vez, a iniciativa de sindicalistas ligados ao partido, responsáveis pela greve, deixou em situação profundamente incômoda o o secretário das Cidades, Humberto Costa (PT), e seu grupo político.

Embora aliado de primeira hora do PSB desde o segundo turno das eleições de 2006, Humberto divide com o ex-prefeito joão Paulo a liderança do PT no Estado. E é nessa condição que vem sendo cobrado no governo pela atitude dos correligionários sindicalistas. Mais até do que o próprio secretário de Educação, Danilo Cabral, que é do PSB.

A situação atual é bem semelhante ao episódio vivido pelo então secretário de Saúde do governo Miguel Arraes, Jarbas Barbosa, em 1995. Indicado ao cargo na cota do PT - que havia apoiado Arraes - o auxiliar ficou na maior saia justa, provocada por uma greve de servidores da saúde ligados ao partido. De um lado, era cobrado pelo governo. De outro, pelos grevistas, que mais uma vez foram às ruas entoando o slogan que comparava Arraes a Pinochet.

O desfecho foi o pior possível para todos: a exoneração de um competente médico sanitarista. Perdeu o Estado e perdeu o PT. E Barbosa - que era ligado ao próprio Humberto Costa - foi nomeado para a Fundação Nacional de Saúde pelo maior adversário dos petistas, o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Como bom profissional, aceitou o cargo, mesmo enfrentando um processo de expulsão do partido.

A nova briga entre governo e servidores pode não chegar ao mesmo patamar no caso de Humberto. Afinal, trata-se da pasta de Educação, e não das Cidades. Mas querendo ou não, já gerou desgaste para o secretário petista, cujo trabalho tem sido reconhecido pelo próprio governador. Tudo por causa da inevitável mistura entre o político e o administrativo, regra que o PT insiste em adotar, independentemente de quem seja seu aliado.

O endurecimento do confronto entre o Palácio e os grevistas - além dos prejuízos que causa aos estudantes - pode, sim, repetir o episódio vivido pelos petistas com Arraes. E aí, novamente, pior para Pernambuco, que perderia um bom secretário, e para o PT, que teria arranhada a sua imagem diante do principal aliado no Estado.

Um detalhe importante, apenas para pensar: Humberto Costa e Danilo Cabral são ambos candidatos a deputado em 2010. E os dois esperam contar com o apoio do governador.

Um comentário:

Cláudio Roberto de Souza disse...

A imprensa é mesmo muito curiosa, para dizer o mínimo. Se o sindicato não fizesse greve, seria acusado em uma longa e digressiva coluna de blogueiro de ser governista. Certamente diriam que suas lideranças foram cooptadas pela administração da qual lideranças partidárias aliadas aos dirigentes sindicais fazem parte. Se fazem a greve, colunistas escrevem admirados, estranhando e botando lenha na fogueira, sobre como o sindicato está, quem sabe, traindo o governo do qual seus aliados partidários fazem parte.

A imprensa precisa decidir.

Ah, em relação ao sintepe, está encrencado agora porque deixou passar sim, sem nenhuma crítica quando a propaganda do governo foi veiculada as falsas informações sobre a implantação do piso e o problema com os laptops.