quarta-feira, 1 de abril de 2009





















Castelo mal-assombrado

Pode até não ter havido direcionamento político no relatório final da Polícia Federal sobre a operação Castelo de Areia, que investigou as doações de campanha feitas aos partidos e candidatos pela construtora Camargo Correia. Mas que a exclusão das legendas governistas do relatório deu uma deixa preciosa para fortalecer o discurso da oposição, disso não há dúvida.

Se ao menos o documento da PF isentasse os governistas, mas citasse seus nomes como parte da investigação, o caldo não teria engrossado tanto. O que vai acontecer agora é até previsível. O rito é praticamente o mesmo há anos. O Planalto terá que ligar os motores do seu rolo-compressor no Congresso Nacional para deter os adversários que, atingidos diretamente pelo relatório da PF, planejam retaliar pedindo a abertura de uma CPI para investigar a Petrobras. Mais ainda: a oposição pretende começar a vasculhar os supostos podres do governo a partir das obras da Refinaria General Abreu e Lima, em Pernambuco.

Segundo os opositores, é ali que estariam os superfaturamentos e desvios de recursos que teriam sido embolsados pelos partidos governistas para a campanha eleitoral do ano passado. A refinaria - um antigo pleito do Nordeste - é uma obra realizada em parceria pela Petrobras e a estatal venezuelana PDVSA, na qual o Tribunal de Contas da União encontrou várias irregularidades. E a Camargo Correia é uma das contratadas para a execução do projeto.

A idéia de instalar uma CPI da Petrobras partiu do PSDB, citado no relatório da operação Castelo de Areia como um dos partidos que mais teria recebido dinheiro da construtora. Os tucanos, claro, vão apelar para os brios do DEM - também duramente atingido pelas investigações - para garantir um reforço à aprovação do pedido de CPI. A moção deverá contar ainda com as assinaturas de partidos menores, como PPS, PP, PSB e PDT. Integrantes do próprio PMDB - da ala de oposição - também se dispõem a subscrever o requerimento.

O fato é que o estrago já está feito. E agora nem interessa mais discutir se houve incompetência ou má fé por parte dos responsáveis pelo inquérito, como afirmou o presidente nacional do DEM, Rodrigo Maia. O relatório acirrou os ânimos na oposição, principalmente porque, como políticos que são, sabem muito bem que não são só eles que recebem dinheiro de empresas privadas para campanha.

Aliás, os partidos de oposição, geralmente, ficam com as menores fatias das doações. As mais gordas, é óbvio, são reservadas para quem manda na chave do cofre.

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