quinta-feira, 23 de abril de 2009



















Dinheiro de ninguém

Quanto custa ao contribuinte-eleitor manter em Brasília um deputado federal? Façamos as contas: R$ 16,5 mil de salário, R$ 60 mil de verbas de gabinete para nomear funcionários, R$ 15 mil de verba indenizatória, R$ 4,2 mil de cota postal e R$ 3 mil de auxílio moradia.

O total: R$ 98,7 mil mensais por mês, para cada um dos 513 deputados. Ou seja, somente na Câmara Federal, são gastos por mês “singelos” R$ 50,6 milhões. Sem mencionar os gastos dos 81 senadores, algo semelhante aos dos vizinhos do Congresso.

Se o número impressiona, imagine se somarmos o que foi gasto pelos deputados com a emissão de 1.885 passagens aéreas? Entre janeiro de 2007 e outubro de 2008, foram R$ 4,7 milhões, beneficiando não só os parlamentares, mas seus familiares e amigos.

Está certo que o chamado “representante do povo” precisa ter condições asseguradas de fazer o seu trabalho. Mas daí a usar da autoridade de legislar – em causa própria – para explorar o próprio povo que o elegeu, é passar da conta.

Em meio ao escândalo dos gastos abusivos, os deputados começaram a analisar um aumento de salário. Querem passar de 16,5 mil para 24,5 mil mensais. Os autores da proposta – inclusive o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP) – a classificam como “moralizadora”, justificando que com o reajuste, eliminariam os 15 mil de verbas indenizatórias, aquelas que eles usam para pagar comida, combustível, telefones e outros gastos pessoais.

De fato, eliminando a verba extra e concedendo o aumento, a perda será de 7,5 mil reais para cada um deles. Isso não justifica, porém, o fato de não prestarem contas à sociedade dos seus gastos.

Se já era difícil ter acesso às prestações de contas das verbas indenizatórias, ao serem incorporadas aos salários – ainda que em valor menor – vai ficar ainda mais difícil para o eleitor saber em quê o seu deputado está gastando o dinheiro pago por ele, eleitor, em altíssimos e suados impostos.

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