domingo, 12 de abril de 2009















Um político "do bem"

Acredito que a impressão comum entre as pessoas que conviveram ou conheceram o deputado federal Carlos Wilson (PT) era a de um homem extremamente gentil e amistoso. Ao longo de duas décadas de jornalismo, ele foi um dos poucos políticos que jamais vi alimentar ódio ou rancor de um adversário. Tratava a todos como iguais, de forma cortês e educada, mesmo se estes lhe tivessem feito algum mal ou provocado dano político.

Cali – como era conhecido – teve raízes na Arena, passou pelo PMDB, PSDB, PPS, PTB e, por fim, pelo PT. Tanta peregrinação partidária deve certamente ter ajudado a formar nele um espírito político pessedista, porque não se indispunha nem comprava brigas desnecessárias. Preferia estar sempre atento às articulações nos bastidores.

Por influência do pai, Wilson Campos, Carlos Wilson foi eleito deputado federal muito jovem, aos 24 anos de idade. Na Câmara, estreitou a convivência com políticos de âmbito nacional. Seu “padrinho”, porém, foi o decano Ulysses Guimarães (PMDB) – falecido em 1992 – a quem tinha um apreço pessoal tremendo. Foi com Ulysses que Carlos Wilson aprendeu o jogo de cintura que o levou ao Palácio do Campo das Princesas, em 1986. Primeiro como vice-governador de Miguel Arraes, e depois como seu substituto por 11 meses no governo.

Político de bom coração, ele enfrentou dificuldades pelo fato de não “desconfiar” de aliados. Entre eles, os dois principais caciques do seu lado ­– Arraes e Jarbas Vasconcelos –, que mais tarde brigariam entre si. Jarbas implodiu um projeto muito acalentado por ele, de ser prefeito do Recife, em 1992. Dois anos mais tarde, Arraes minaria sua candidatura ao Senado pelo PMDB, terminando por permitir sua saída para o PSDB, onde ele se elegeria senador.

Mesmo assim, Cali teve a iniciativa de se reaproximar de ambos, e tocou em frente sua carreira política em frente, exercendo o mandato no Senado, com uma pausa para, finalmente, disputar a Prefeitura do Recife, em 2000. Nessa disputa, embora não tivesse sucesso, sua presença – como candidato do PPS, em nome da terceira via – ajudou a enfraquecer a candidatura à reeleição de Roberto Magalhães (PFL), garantindo a vitória do petista João Paulo e aproximando-o do PT, partido ao qual se filiou alguns anos depois.

Aliado e amigo do presidente Lula, assumiu a presidência da Infraero em 2003, onde permaneceu até 2006, quando, já lutando contra o câncer, conquistaria o que seria seu último mandato eletivo: foi o sexto deputado federal mais votado de Pernambuco.

Diplomático e conciliador, Carlos Wilson é uma figura que vai fazer falta no cenário político do Estado e do País.

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