sábado, 4 de abril de 2009



















A revolução de Cristovam

Não é surpresa a disposição do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) de concorrer novamente à sucessão presidencial. Na eleição de 2006, ele se destacou entre os postulantes por suas propostas firmes, centradas na área de educação. Mas resvalou na falta de preparo político para enfrentar as feras que se alinhavam naquele pleito.

Não que Cristovam seja ruim de política. Se fosse, não teria sido escolhido reitor de um dos principais centros acadêmicos brasileiros, a Universidade de Brasília (UnB). Depois, não teria chegado ao governo do Distrito Federal, onde criou e implantou o Bolsa-Escola, pioneiro no País, que lhe garantiu uma aprovação popular de 58% nas pesquisas.

Pernambucano de nascimento – o senador brasiliense nutre, porém, um certo nível de ingenuidade diante da atual política brasileira. Sonha alto ao pregar uma revolução na educação como saída para o desenvolvimento, mas não consegue compreender o desinteresse dos colegas políticos pela questão.

Como ministro da Educação no primeiro governo Lula, Cristovam radicalizou na tese da “revolução pela educação”. Incomodou aliados do presidente e terminou demitido por telefone. Indignado, trocou o PT pelo PDT, manteve seu projeto e se declarou desiludido quanto ao caráter revolucionário da gestão petista, que hoje classifica como conservadora. Assim como o próprio PT, para ele “um partido honesto, mas com pessoas desonestas”.

Esse, aliás, deverá ser o tom do seu discurso político durante a campanha de 2010, caso o PDT decida mesmo lançá-lo candidato, em vez de apoiar Lula. Um discurso, porém, sem novidades, que apenas fará coro com o de outros postulantes de oposição, sobretudo do PSDB.

O que vale a pena mesmo é ouvir o que o senador pedetista tem a dizer sobre a educação. Nesse campo, Cristovam é, de fato, um especialista. E por mais sonhador que seja, ele está certo, no mínimo, em um aspecto: eleitor sem educação termina sempre escolhendo os piores políticos.





Nenhum comentário: