segunda-feira, 1 de junho de 2009













O terceiro turno


Ao ser eleito logo no primeiro turno, em outubro do ano passado, o prefeito do Recife, João da Costa (PT), quebrou um tabu antigo na capital pernambucana, que há décadas não elegia um candidato apoiado pelo atual governante. Conhecido pela rebeldia política, o eleitorado recifense, acostumado a não dar segundas chances aos seus gestores, abriu uma exceção, baseado nos bons índices de aprovação do antecessor, João Paulo.

Junto com a herança de votos, no entanto, João da Costa recebeu um pacote de problemas, que se agravaram ao longo dos cinco meses da sua gestão. E sem contar com a costumeira trégua dada aos novos prefeitos - uma vez que eram sempre eleitos pela oposição - tem enfrentado uma cobrança muito mais rigorosa por parte dos adversários, e até de aliados.

O fato é que Costa ainda não conseguiu governar. Tem ocupado todo o seu tempo em cuidar do legado de dificuldades que encontrou. Mas insiste em afirmar que não recebeu uma herança maldita. Pelo contrário, elogia o padrinho político e usa a tradicional tática de culpar a oposição pelo mau desempenho. Diz que estão tentando "'envelhecer" seu mandato, sob o argumento de que seu governo seria de continuidade.

É verdade. O prefeito não está há nove anos no cargo. Em dezembro, João Paulo fechou seu ciclo de oito anos de administração. O que atrapalha João da Costa, na realidade, é o discurso de campanha. Em outubro passado, todo mundo lembra que o então prefeito e seu candidato não saíam sequer em fotografias separadas, de tão colados que se apresentavam ao eleitor.

Após assumir, porém, Costa tentou descolar sua imagem da do antecessor, mas foi pego exatamente pelo discurso de "continuar e avançar". Foram tantas as promessas de manter o trabalho que vinha sendo feito por João Paulo que ficou impossível separar o bônus do ônus legado pela gestão anterior.

Agora, Costa paga o tributo. Acrescido de uma crise econômica mundial - que João Paulo não teve que enfrentar - e do fato de ter mexido na equipe que comandava as ações, e que carece de tempo para se adaptar. Nada disso parece ter sido previsto durante a eufórica campanha petista, que agora não consegue vencer o terceiro, e mais importante turno.

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