segunda-feira, 15 de junho de 2009












O inferno astral de Sarney

Direto como não costuma ser com jornalistas, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) resumiu, na semana passada, a incômoda posição do Poder que comanda: “A situação no Senado não ameniza nunca”. Está mais que certo. Do ano passado – quando passou um semestre inteiro paralisado pelo o escândalo envolvendo Renan Calheiros (PMDB-AL), acusado de receber propina de um lobista –, até hoje, o Senado só tem passagens negativas a registrar.

Eleito presidente da Casa em fevereiro, Sarney já herdou um primeiro escândalo: excesso de horas extras pagas aos servidores no recesso parlamentar. Mal contornou o caso, explodiram denúncias sobre a profusão de diretorias no Senado, seguidas de outras contra o diretor-geral Agaciel Maia, seu afilhado político. Quase que simultaneamente, vieram os ataques do correligionário Jarbas Vasconcelos, acusando o PMDB de ser movido a corrupção e nominando Sarney e Renan como maquinistas do trem.

No início do mês, o ex-presidente da (Nova) República voltava ao noticiário. Recebia R$ 3,8 mil mensais de auxílio-moradia, mesmo dispondo de residência paga pelo Senado. E na semana passada veio o último golpe: os atos administrativos assinados secretamente, que transformaram a direção da Casa num cabide de empregos para apadrinhados.

É verdade que o Senado é composto por 81 parlamentares, e nem tudo deve ser debitado ao seu presidente. Mas José Sarney é uma figura emblemática, e a sua atuação na linha de frente da Casa, ao contrário de abrandar, aumenta o peso do epílogo que vem sendo escrito em seu currículo.

* Publicado na coluna Cena Política - JC 15/06/09

Um comentário:

Carlos Magnata disse...

tá, aí o Sarney sai de cena, aposenta o cetro. Mas e o Renan Calheiros? E don Jader Barbalho? E tantos outros donatários políticos do povo brasileiro?

Alguém imagina que a queda do prestígio de Sarney influencie a cultura política colonial que nunca deixamos de praticar, em terras tupiniquins?

No blog do noblat tem uma entrevista genial com o sarney. Ele copiou da Folha e eu copiei do blog dele pro Coisas Miudas. Dà uma olhada lá.