quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Adversário incômodo
















Os jornalistas que cobrem a campanha eleitoral já desistiram de pedir ao governador-candidato Eduardo Campos (PSB) sua opinião a respeito de qualquer questão envolvendo o adversário Jarbas Vasconcelos (PMDB). Cansaram de ouvir a mesma resposta, que, com ligeiras variações de acordo com o humor da ocasião, soam tipo: "Não tomo conhecimento".


Caminho mais fácil não há que nos negarmos a reagir a uma crítica quando ela "aparentemente" não nos atinge. Afinal, apenas uma leitura superficial dos números das pesquisas basta para explicar a postura confortável do governador. Mas não é bem assim.


O mantra do "desconhecimento ao adversário" cabe apenas nas aparições públicas de Eduardo, onde tem imprensa. E sempre tem imprensa aonde quer que ele vá. Mas sob a proteção dos muros do comitê de campanha ou do Palácio do Campo das Princesas, a conversa é outra. Há "rumores" de que a ordem do governador é para que não se deixe o "doutor Jarbas" sem resposta.


Só que ela não deve ser transmitida pelas mãos dos jornalistas, para não parecer bate-boca. Sempre que possível, o recado deve ser enviado ao peemedebista em forma de ações sem trégua da campanha da Frente Popular. E de preferência, em áreas próximas às de Jarbas. Política da "terra arrasada" mesmo.


Logo no início, "coincidências" de agenda levaram Eduardo a marcar atos de campanha nas mesmas cidades que Jarbas. E no máximo com apenas um ou dois dias de antecedência ao evento do adversário. Mas com o início do guia eleitoral de TV e rádio, as "coincidências" deram lugar à afobação.


Ontem, nem bem havia terminado o primeiro programa de Jarbas na televisão, A Frente Popular já rebatia propostas apresentadas pelo opositor. Nese caso específico, a promessa de redução da tarifa sobre ligações de celular pré-pago.


Marketing! Afinal, celulares ainda são - pasmem os senhores! - símbolo de status entre consumidores das classes menos abastadas, e os publicitários jarbistas podiam prever a reação positiva do eleitor. Que só não foram mais rápidas que os telefonemas de assessores da Frente Popular à imprensa, em busca de espaço para contestar o mesmo peemedebista cuja candidatura alegam não tomar conhecimento.


Como a proposta havia sido lançada por Jarbas no guia eleitoral, obviamente os jornalistas entenderam ser aquele o fórum adequado à resposta. Mas o insucesso em recuperar de imediato o suposto "prejuízo" eleitoral fez com que o governador utilizasse entrevistas previamente marcadas para tratar do assunto. Que foi levantado por um candidato cuja existência ele garante nem notar.


Se a moda pega, e a cada promessa levada ao ar chovam adversários preocupados em contestá-las na imprensa, seria melhor redirecionar logo a estratégia de marketing de cada candidato. Ou ao menos daqueles que sempre defenderam os longos, chatíssimos e ultrapassados programas do guia eleitoral como principal estratégia para serem catapultados ao poder.

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