quinta-feira, 10 de dezembro de 2009















De olhos bem abertos

Ontem foi o Dia Internacional contra a Corrupção. Até quis escrever sobre o assunto, mas o excesso de atividades impediu. Talvez tenha sido melhor, porque assim pude aguardar informações sobre as manifestações pelo País acerca do tema, tão importante nas vidas dos cidadãos.


A frustração, porém, foi total. Pouquíssimas notícias a respeito foram publicadas nos meios de comunicação. Quase nenhum debate. Da parte de políticos, mesmo aqueles que integram frentes de combate à corrupção, não vi nada.


Um registro, apenas, foi feito por funcionários dos órgãos de controle e fiscalização – Ministério Público e Controladoria Geral – que distribuíram panfletos ao povão em pontos de concentração no centro do Recife. Foi o máximo que encontrei nos jornais de hoje.


O que essa indiferença leva, forçosamente, a pensar? Que dinheiro público metido nas cuecas e meias de políticos e servidores tornou-se rotina? Que construir castelos não declarados à Receita Federal virou prática aberta? Que pagar propina a legisladores para aprovar projetos é a única forma de garantir a governabilidade? A apatia sugere que atos assim já não surpreendem, nem causam mais indignação a ninguém.


Num País como o Brasil, uma data como essa de ontem – por mais que seja apenas um dia – deveria gerar grandes debates, atos públicos, manifestações da sociedade civil. Começo a crer na acomodação pura e simples. Ou pior, na rendição.


Como que por encomenda, duas semanas antes da data – acordada por 110 países, no México, como forma de implementar ações de combate à corrupção em nível global – um novo caso explodiu nas telas de todo o Brasil. Um respeitável governador, até cotado para disputar a Vice-Presidência da República, flagrado num ato de corrupção ativa, daqueles de arrepiar os cabelos.

O tal governador deve ser expulso do partido amanhã. Pode até sofrer impeachment. Mas o grave é que o caso é “apenas mais um”, uma reprise de outros tantos. Sem ir longe, alguém ainda lembra do vídeo com o funcionário dos Correios recebendo uma propina de três mil reais? Aquele que deu origem ao escândalo do mensalão, envolvendo o governo do PT.


De lá para cá, vários outros vídeos e gravações clandestinas fizeram a festa dos caçadores de corruptos. E também dos demagogos de plantão. Mas e a população? Onde estão as grandes manifestações de rua, passeatas, atos públicos? Todos estão cansados, ou passaram a conviver com a esbórnia de dinheiro público como algo normal na rotina do País?


Em sendo assim, para quê precisamos mais de frentes de combate à corrupção? Ou de órgãos fiscalizadores? Ou mesmo de Justiça?


Graças a Deus, para alguns poucos, continua sendo difícil engolir tantos sapos. E, simplesmente, colocar a cabeça sobre o travesseiro e fechar os olhos à toda essa sujeira.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tem uma explicação essa indiferença.

É que aqui no "Pindorama", prefere-se comemorar a corrupção, nos demais 364 dias.