sábado, 12 de dezembro de 2009












A céu aberto

Depois das denúncias contra o governador José Roberto Arruda, será que há tempo para mais um escândalo no País ainda este ano? A pergunta tem lógica, se levarmos em consideração a quantidade de sujeira desencavada ao longo de 2009.

Quem se arriscar a fazer comparativos dos escândalos a cada ano, envolvendo a classe política, verá que o número cresce substancialmente, enquanto o nível dessas denúncias desce vertiginosamente.

Entidades ligadas à transparência, à ética e à moralidade se esforçam, mas nem elas conseguem acompanhar todos. O mesmo acontece com os órgãos institucionais de controle, como Ministério Público, Controladoria Geral e Polícia Federal.

Aliás, é sobre o Ministério Público do Distrito Federal que recaem as derradeiras denúncias da semana. A revista Época traz reportagem revelando que procuradores e promotores são investigados no inquérito da Operação Caixa de Pandora – o mesmo que pegou Arruda – por suspeitas de corrupção.

Em alguns momentos, a gente termina sendo levado a imaginar se vai sobrar alguém íntegro num País tão necessitado de ética e moral. Esta semana, o presidente Lula decidiu que corrupção tem que passar a ser tratado como crime hediondo.

Lula demorou quase oito anos de mandato para vir com o mais puro proselitismo político. Já existem no Congresso Nacional vários projetos tentando classificar a corrupção como crime hediondo e inafiançável.

E ele sabe disso. Assim como sabe que sua proposta requentada não tem chances de passar nas votações em plenário, numa Casa de corporativismo onde muitos dos autores desse “crime hediondo” – vários deles aliados do presidente – continuam livres para cometê-los.

Sendo benevolente, talvez ao promete classificar a corrupção como crime hediondo, Lula possa ter imaginado tirar Brasília do esgoto a céu aberto em que está afundada. Mas a missão é tão árdua quanto a promessa que ele fez esta semana, lá pelas bandas do Maranhão, de tirar o povo pobre da merda.

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