sexta-feira, 20 de novembro de 2009












Cortando as rédeas


Se a intenção do ex-prefeito João Paulo (PT) era demostrar independência do governador Eduardo Campos (PSB), escolheu um momento adequado para pedir demissão da Secretaria de Articulação Regional. E mostrou que a cada dia que passa, aprende mais sobre raposismo político.

Embora tenha entregue o pedido de exoneração na quarta-feira (18), o petista deixou para anunciar sua saída no dia em que Eduardo iniciou a sua quarta caravana de visitas a cidades do interior. Com o comandante ausente do Palácio, ele atraiu todas as atenções na cena política, e deixou uma batata quente nas mãos dos articuladores do governo.

Ao pedir demissão agora, João Paulo desfaz a tese - muito comentada desde julho passado, quando foi convidado para assumir a secretaria - de que o governador teria dado um "nó" no PT, ao colocar sob suas rédeas os dois principais líderes do partido, Humberto Costa e o próprio ex-prefeito.

Desde que assumiu a pasta, o petista vinha galgando espaço político pelo Estado. Mas enxergou que para atingir seus objetivos teria que desfazer a imagem de que estava sob controle de Eduardo Campos.


Há um segundo motivo para a decisão, interlilgado ao primeiro: candidato declarado ao Senado pelo bloco governista em 2010, João Paulo vinha trombando com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho, do PSB. Os dois brigavam por uma das vagas na chapa, já que a outra, segundo consta, estaria destinada ao petebista Armando Monteiro Neto.

O que se sabe é que João Paulo não estava satisfeito com a postura do governador, que, na sua opinião, estaria deixando correr solta essa disputa interna, sem se mobilizar para barrar as pretensões de Bezerra Coelho.


O fato é que o acontecimento expõe uma crise política no governo, e causa um abalo na relação entre Eduardo e o PT, principal aliado do PSB, cujo apoio é importante para garantir a reeleição do governador. Ao tomá-la, João Paulo deve estar, inclusive, pronto para optar por uma candidatura à Câmara dos Deputados.

E é provável que ele esteja mesmo apostando suas fichas nessa alternativa, talvez imaginando sair das urnas como o deputado federal mais votado do Estado em 2010. Até porque, quem conhece Eduardo Campos sabe que vai ser muito difícil ele vir a convocar o ex-secretário para compor a sua chapa majoritária depois de todo esse tumulto.

Um comentário:

Anônimo disse...

JP tem, de fato, se revelado um "filhote de raposa", mas tenho certeza que mesmo convivendo no "sindicato" em que convive, com expoentes como zé dirceu, lula, genoíno, delúbio, dilma, entre outros, ainda tem muito a aprender. Não de malandragem, onde já é diplomado, mas sim em "raposagem".

Mas quem sabe ler nas entrelinhas, ele já havia deixado claro que ia fazer o que fez, quando deixou vazar para a imprensa que "seu guru o preferia ver como candidato a deputado".

São por velhacos assim, que Pernambuco e o Brasil estão mergulhados na embromação midiática e na corrupção!