quinta-feira, 15 de outubro de 2009












Uma briga desigual

O deputado Ciro Gomes (PSB) parece mesmo decidido a disputar a sucessão presidencial. Tanto que vem agindo como candidato durante toda a visita do presidente Lula às obras da transposição, em Minas Gerais, Bahia e Pernambuco. Não desgruda de Lula em nenhum momento. Nem de madrugada, quando a comitiva descontraiu ao som do forró de Maciel Melo.

Ao contrário da sua concorrente, Ciro foi um dos últimos a sair da festinha. E amanheceu praticamente na porta do quarto do presidente. Mas ninguém se engane, achando que Lula hesita em algum momento entre Dilma e Ciro. Nem mesmo diante das pesquisas, que apontam o deputado na frente da ministra da Casa Civil.

A presença de Ciro na comitiva foi comentadíssima pelos aliados, mas apenas como uma deferência do presidente ao seu ex-ministro da integração Nacional, que durante o primeiro mandato foi o responsável por iniciar as obras da transposição.

Lula não esconde que tem uma dívida de gratidão com Ciro, pela obra que encontrou em estágio avançado.

Mas é só. Dilma continua preferida, e, beneficiada pelo status de "mãe" do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), teve lugar cativo ao lado do presidente nas aparições públicas da comitiva.

Os dois presidenciáveis conversaram muito no Sertão, trocaram sorrisos e acenos. Até dividiram "eleitores". Mas enquanto a ministra caminha junto a Lula, Ciro tem se mantido discretamente um passo atrás ou à frente.

A desvantagem, porém, é maior que isso. Parte do PT não quer nem ouvir o nome de Ciro. Avaliam que seu passado de ex-tucano compromete qualquer chance de apoio à uma candidatura presidencial. Não bastasse ter governado o Ceará vestindo a camisa do PSDB, foi sob esse mesmo manto que ele ocupou o Ministério da Fazenda de Fernando Henrique Cardoso. Rompeu logo no início da gestão tucana, é bem verdade. Mas para filiar-se ao PPS, outra legenda que hoje faz dura oposição ao governo petista.

Se o ex-ministro traz no currículo, além do preparo técnico e político, o histórico de duas disputas presidenciais, a atual ministra, por sua vez, permanece ungida pelas bençãos de Lula e sua altíssima popularidade. E isso, ao menos no Brasil de hoje, é uma credencial bem mais poderosa.

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