quinta-feira, 22 de outubro de 2009










Semelhanças e diferenças

Na visão de alguns mais otimistas, o ex-ministro Gustavo Krause (DEM) tentou passar uma mensagem tranquilizadora às oposições ao lembrar seu próprio caso, em 1994, quando foi escolhido para enfrentar – quase que olimpicamente – a forte candidatura de Miguel Arraes (PSB) ao governo do Estado. Não havia um nome eleitoralmente poderoso para tanto. E ele, então, foi impulsionado para demarcar o terreno governista e garantir a sobrevivência do seu bloco político e da bancada parlamentar.

Para outros, porém, o recado de Krause pode ser lido nas entrelinhas: ao lembrar 94, ele sinaliza um certo conformismo de que não deve haver novamente um candidato com condições de evitar a reeleição do governador Eduardo Campos (PSB).

Para bom entendedor, não dá para ficar apenas sonhando com uma candidatura do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB). É preciso botar o pé no chão e reconhecer que essa hipótese fica mais distante a cada dia que passa. Vale lembrar que nas duas vitórias da União por Pernambuco, em 1998 e 2002, ambas comJarbas à frente, não houve disputas internas, divergências entre caciques ou, como afirmou Krause, sequer “trepidações”.

A diferença entre 2010 e 1994 – e mesmo de 1986, quando o PFL, sem condições também de enfrentar Arraes, lançou a candidatura olímpica de José Múcio – é que dessa vez não parece haver nas oposições pernambucanas sequer uma alternativa “para competir”.

Nacionalizar a campanha é, como sempre, um perigo real e imediato. Em 94, como bem lembrou o ex-ministro, o então candidato tucano Fernando Henrique Cardoso largou bem atrás. Mas decolou, alçado pelo Plano Real, pela aliança com o PFL – na época o maior partido do Brasil – e por mais uma série de contingências favoráveis.

Hoje, quem preside o País é Lula, o mesmo candidato que fora derrotado outras três vezes pelo atual bloco de oposição. Mostrou verve e persistência. E mais que isso: mostrou engenhosidade.

Lula governa com uma popularidade estratosférica, sem ter inventado nenhum plano econômico. Tirou partido do esquema que herdou do próprio FHC. Também não implementou programas sociais novos, só deu um upgrade nos que recebeu dos tucanos.

A grande diferença, porém, é o conjunto de forças que o apóia. Não apenas em Brasília, onde aos poucos foi montado um esquema de adestramento partidário de causar inveja aos seus antecessores, mas também na grande maioria dos Estados, onde Lula hoje conta com vários governadores e prefeitos aliados, fortalecidos com seus programas federais.

Por todos esses fatores, não se trata de dizer que a oposição em Pernambuco estaria jogando a toalha. De fato, eles sabem – Jarbas, principalmente – das pouquíssimas chances de vencer a disputa local, ainda que se nacionalize a campanha e José Serra reconquiste o governo central.

Mas Serra é mesmo candidato? Porque como bem lembrou Jarbas, a indefinição no PSDB entre ele e Aécio Neves só estica ainda mais a corda para o lado governista.


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