segunda-feira, 5 de outubro de 2009














O gato no telhado


Durante o encontro do PMDB em Abreu e Lima, no fim de semana, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) deixou claro nas entrelinhas do seu discurso que não pretende vestir a camisa de opção única das oposições na disputa pelo governo do Estado em 2010.

Quem entende bem a linguagem "cifrada" de Jarbas, interpretou o recado: ele não está disposto a ir para o sacrifício, entrando na briga sem uma base sólida. E se
topar a parada de enfrentar a forte máquina que está por trás da reeleição de Eduardo Campos (PSB), estará agindo movido por pesquisas que lhe garantem uma mínima chance de vitória. Porque, pessoalmente, sua vontade de voltar ao governo é zero.

Houve jarbista, porém, que saiu do encontro do PMDB achando que o chefe estaria um pouco mais estusiasmado com a possibilidade de vir a disputar um terceiro mandato no Palácio do Campo das Princesas. Esses, certamente, não compreenderam bem a fala de Jarbas.

Ao afirmar que
"as oposições vão buscar o que for melhor para o Estado", e que terão o que mostrar em 2010, ele sinalizou exatamente o contrário. Em bom politiquês, avisou que seria melhor examinar outras alternativas para a cabeça de chapa.

Jarbas não esconde que seu desejo pessoal é permanecer no Senado, onde tem destaque nacional como uma das poucas vozes de oposição ao presidente Lula. E no caso de vitória do presidenciável do PSDB, José Serra, essa notoriedade tende a crescer. Como um dos grandes aliados do tucano, independente de estar filiado ao PMDB, seu nome certamente figuraria numa lista de "ministeriáveis".

Há uma outra hipótese que animaria de verdade o peemedebista: a disputa presidencial, como candidato a vice de Serra. Se dependesse da vontade dos tucanos, o convite já poderia até estar feito. Mas a indisposição de Jarbas com a maioria governista do PMDB praticamente anula as chances.


De qualquer forma, já era previsível uma sinalização de recuo por parte do senador após concluído o prazo para filiação partidária de candidatos às eleições de 2010. Enquanto a temporada de troca-troca esteve aberta, ele procurou não se manifestar, para evitar uma debandada ainda maior no já debilitado quadro da oposição. Afinal, muita gente se segurou por lá movida pelo fio de esperança de tê-lo na chapa majoritária.


No fim de semana, porém, Jarbas começou a pôr um freio nos aliados mais otimistas. Deixou clara, em alguns trechos do seu discurso, a cautela com que trata o assunto. Por exemplo, quando afirmou que "... pode ser A, B ou C que vá disputar o governo. Essa pessoa vai ao guia eleitoral mostrar o que Pernambuco fez quando o PMDB foi governo".

Não nominou quem seriam esses "A, B ou C". Nem precisava. Mas a cúpula da União por Pernambuco entendeu a mensagem. E provavelmente não gostou.

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