sexta-feira, 2 de outubro de 2009














Enem aí!

Tinha começado com o pé esquerdo, na base da experimentação e da politicagem. Só podia dar no que deu. As provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) – novo modelo de vestibular implantado a jato no Brasil, sob protestos dos estudantes e escolas – foram roubadas.


Parece surreal. Na primeira tentativa de inovar a seleção de candidatos às universidades públicas, o governo se deixa vitimar por uma gatunice. Os ladrões das provas ­– supostamente retiradas do bem vigiado cofre do Inep, entidade encarregada de elaborar os exames – tentaram vendê-las ao jornal O Estado de S. Paulo. Por R$ 500 mil e um aviso: “Isso é sério, derruba ministério”.


Os intermediários, porém, levantaram suspeitas mais graves: as provas teriam sido surrupiadas por uma quadrilha de cinco pessoas, provavelmente funcionários do Inep.


Que no Brasil, coisas como essas aconteçam, não é surpresa. É até cultural, levando em consideração o exemplo dos nossos representantes, movidos à base da Lei de Gérson.


É preciso cobrar explicações do Ministério da Educação sobre a escolha do Inep para o trabalho. E também sobre o esquema de segurança das provas.


Se todo esse escândalo derruba ministro? Em países sérios, talvez. Por aqui, é improvável. Principalmente se o ministro tiver projeto eleitoral, avalizado pelo governo.

Não é apenas um roubo, mas um prejuízo grande para mais de 4 milhões de estudantes. Gente que se preparou muito. Gente que, de última hora, teve que esquecer todo o antigo esquema de vestibular para o qual vinha treinando, e que se esforçou para entender o novo modelo, implantado goela abaixo sem dar um ou dois anos, pelo menos, para as escolas e cursinhos se adaptarem.


Agora, enquanto a estudantada espera, pacientemente, mais 45 dias pela nova data da prova, o jeito é seguir a singela recomendação do ministro Fernando Haddad, e utilizar esse tempo para continuar estudando.

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