sexta-feira, 17 de junho de 2011

Uma reforma frágil












A cada entrevista que faço ou debate que participo sobre a propaladíssima reforma política, mais fico descrente do sucesso da "empreitada" no Congresso Nacional. Antes um entusiasta das mudanças propostas, aos poucos começo a me convencer de que estamos atropelando o processo ao discutir sistemas eleitorais, voto em listas ou financiamento de campanhas.


É claro que são todos dispositivos bem intencionados e necessários ao aprimoramento da democracia. Mas nos últimos 25 anos, a cada campanha eleitoral que passa, se promete reforma política. E logo que acaba a disputa, o assunto cai no esquecimento.

Ora, se essas propostas já esperaram nas gavetas do Legislativo por mais de um quarto de século, elas podem aguardar mais alguns anos enquanto se resolve o aspecto realmente primordial da reforma: o velho e corrompido sistema partidário brasileiro.

Vários especialistas já alertaram que no cenário atual, com 28 partidos inscritos na Justiça Eleitoral e mais um punhado deles solicitando registro oficial, é impossível resolver qualquer outro aspecto da reforma.

Sem partidos sólidos e coerentes com seus conteúdos programáticos - pedir nitidez ideológica já seria demais - o que deve sair do Congresso, ao final de todo o atual processo, é um frankenstein. Uma lista de regras que só vão maquear - e talvez agravar - os problemas do nosso sistema eleitoral.

Como disse recentemente um desses especialistas, é preciso fazer primeiro a reforma política para depois tratar da reforma eleitoral. Eu diria mais: primeiro seria necessário promover uma reforma partidária para, só então, começar a sonhar com melhorias nas regras das disputas.

Tentar qualquer alteração sem antes mudar o cenário dos partidos seria o mesmo que construir um telhado novo sobre uma base velha e comprometida. Mais cedo ou mais tarde toda a estrutura despenca.

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