quinta-feira, 17 de março de 2011

O sujo e o mal lavado












Achei que já tinha visto "de um tudo" na política e no futebol. Mas errei feio.
Jamais imaginei, por exemplo, que iria assistir a essa interessante queda de braço entre duas figurinhas carimbadas como o deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ) e o presidente da CBF, Ricardo Teixeira.

É, literalmente, o sujo falando do mal lavado.

Pois não é que o ex-governador fluminense - do alto das suas denúncias e processos por corrupção - decidiu levar a cabo o pedido de abertura de uma CPI na Câmara dos Deputados para investigar os desmandos de Teixeira nos preparativos da Copa de 2014?

É o fim do mundo!


O presidente da CBF poderia ser classificado como a figura mais repugnante, descarada e esquiva que já surgiu na moderna onda de cartolagens e negociatas que feriram de morte o futebol brasileiro. O deputado Garotinho, por sua vez, ganhou notoriedade pela forma, digamos, pouco ortodoxa com que administrou as finanças públicas quando prefeito de Campos (RJ) e, posteriormente, como governador do Rio de Janeiro.


No entanto, por incrível que pareça, dessa vez Garotinho acertou a mão. Investigar Ricardo Teixeira é algo que muitos já tentaram fazer, sem sucesso. O homem tem costas mais quentes que ferro em brasa, seja pela família, entre os amigos e no poder. Esse é um primeiro motivo pelo qual não acredito no sucesso da empreitada do parlamentar fluminense.


O outro motivo é que desconfio das reais intenções de Garotinho ao propor uma CPI como essa. Ou ele tem - ou tinha - "negócios" com Ricardo Teixeira e foi, de alguma forma, passado para trás, engabelado pelo presidente da CBF, o que não seria surpresa. Ou então está aproveitando a onda da Copa do Mundo para se promover e tentar reaver o governo do Rio de Janeiro, cujo eleitorado que fez dele o deputado campeão no Estado, com quase 700 mil votos.

Certo mesmo é que esse pedido de CPI não foi motivado pela intenção do nobre congressista de preservar o bem público.


Já Ricardo Teixeira se antecipou em proteger seu bem privado, a CBF. Esteve no Congresso conversando com deputados e senadores e mobilizou os presidentes de federações estaduais de futebol, seus aliados, para pressionar as bancadas parlamentares em seus Estados e barrar a investigação.

Coisa de quem, absolutamente, tem culpa no cartório.

Um comentário:

Profdiafonso disse...

Caro Sérgio Montenegro,

Bom, muito bom, que esse espaço de discussão tenha sido criado.

Que ele seja um espaço em que a opinião e as posições assumidas não descambem para a farsa flagrantemente lidas na mídia corporativa e, de certo modo, golpista.

Parabéns pela iniciativa!

O Terra Brasilis estará linkado ao Polis.

Grande abraço!