segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Os leões de Dilma












Deve começar bem agitada a semana da presidente eleita Dilma Rousseff (PT), que voltou da Coréia do Sul no sábado passado. Ao retomar os trabalhos de transição e as costuras para compor sua futura equipe, ela terá que matar o primeiro leão antes mesmo de assumir o poder. Trata-se da acirrada disputa por cargos entre o PMDB – que não abre mão dos seis ministérios que ocupa hoje no governo Lula – e o PT, que cobiça pelo menos dois deles: Saúde e Comunicações.


E este é só o começo. Depois do crescimento vertical nas urnas, o PSB do governador Eduardo Campos também pleiteia ministérios de peso. Embora oficialmente os socialistas insistam que não condicionam apoio a cargos, nos bastidores já mandaram o recado: não vão mais se contentar com pastas de pouca evidência, como a da Ciência e Tecnologia.


No alvo do PSB estão, no mínimo, dois ministérios importantes: Integração Nacional e Cidades. O primeiro está atualmente na cota dos peemedebistas. O outro, nas mãos do PP, que não só deseja mantê-lo como sonha em ampliar seus espaços.


Além dos leões mais vorazes, Dilma ainda terá que afagar os menos famintos, como o PDT, o PCdoB e o PR, com bancadas parlamentares expressivas. Mas com um padrinho político experiente como o presidente Lula, é provável que ela tenha sido bem preparada para isso. Afinal, ninguém melhor que Lula para advertir que depois de cada eleição os leões podem até demorar, mas sempre aparecem para cobrar a fatura.

* Texto publicado na coluna Cena Política, do JC, em 15/11/2010

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