quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Presidente Teflon








Já virou rotina, mas sempre surpreende ver o crescimento da popularidade pessoal do presidente Lula. O país, se acaba, mundo se acaba, e o homem continua intocável. Nada gruda nele. Nem Erenice Guerra, nem escândalo dos dossiês. Nada.


Ontem, Lula bateu no teto de novo: 83% de aprovação popular, aferidos pelo Instituto Datafolha. São três semanas consecutivas quebrando o próprio recorde. Um detalhe que precisa ser dito: esse índice compreende apenas os brasileiros que consideram ótimo ou bom o desempenho do presidente. Se somarmos a eles os 13% que avaliam a gestão como regular - como costumam fazer alguns gestores que não têm boa aprovação - o número vai à estratosfera: 96%.

Depois disso, é incrível que ainda existam críticos. Mas há. São corajosos 3% dos entrevistados pelo Datafolha que, remando contra a tsunami, avaliam o governo Lula como ruim ou péssimo.

Mas o problema da popularidade alta não é ofuscar os outros, e sim a si mesmo. A cegueira que números dessa grandeza podem provocar é de dar medo. Um governante menos preparado, ao constatar-se quase uma unanimidade, fica a um passo da tirania. Sem oposição, é fácil se tornar um déspota. A linha é muito tênue, e muitos já a cruzaram.

Lula, porém, por enquanto parece apenas ter pisado nessa linha. Embora só agora tenha galgado os 83% de popularidade, há muito tempo ele já não escuta as críticas da oposição. E é importante é dizer que nem todas essas críticas são destrutivas. Algumas podem - e devem - ser aproveitadas, a título de sugestão, para melhorar algum setor que não esteja bem.

O problema é que quando a popularidade sobe à cabeça, ela tapa os ouvidos e gera intolerância com quem critica. Eis a descrição de um déspota, de acordo com muitos exemplos já registrados ao longo da história.

O mais curioso disso tudo é que Lula bateu o próprio recorde durante três semanas seguidas. Exatamente o tempo de duração do segundo turno da disputa presidencial, no qual atuou mais forte que nunca como cabo eleitoral da candidata petista Dilma Rousseff.

Pior para José Serra (PSDB). Afinal, de acordo com o Datafolha, dois de cada três eleitores declarados do tucano avaliam o desempenho de Lula como ótimo ou bom. É um cenário complicado para se pensar em uma disputa equilibrada.


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