terça-feira, 26 de outubro de 2010

Desmantelo eleitoral *













Desde a disputa entre Fernando Collor e Lula, em 1989, o País não testemunhava uma eleição presidencial com um nível tão baixo de propaganda. A análise feita por especialistas, em matéria publicada domingo pelo JC faz todo sentido: a campanha não debateu nada de real importância para a melhoria de vida do brasileiro.


Os temas que têm permeado a discussão entre os dois candidatos e seus aliados poderiam, de fato, despertar interesse. Legalização do aborto, união civil entre casais do mesmo sexo, prevalência do estado laico e outros assuntos polêmicos deveriam suscitar um debate nacional. Talvez até plebiscitos, tamanha a sua complexidade. Mas da forma como eles têm sido abordados, fica clara uma finalidade menor, mesquinha, de municiar ataques pessoais de parte a parte.


Para refrescar a memória, nas disputas de 1994 e de 1998 Lula foi derrotado por Fernando Henrique Cardoso ainda no primeiro turno. Já os pleitos de 2002 e 2006 trouxeram duas vitórias do petista, ambas no segundo turno. O que torna as quatro eleições parecidas é que em todas elas a diferença entre os dois finalistas nas pesquisas era significativa, e isso pacificava os confrontos.


Mas a passagem de Serra para o segundo turno, aliada à uma aproximação com Dilma nas pesquisas, animaram o PSDB a partir para o tudo ou nada. Acuado, o PT reagiu no mesmo nível. O resultado é esse desmantelo a que o eleitor foi obrigado a assistir. Para muitos, só resta prender a respiração e suportar a última semana de uma campanha que não deve deixar saudades.


* Texto publicado na coluna Cena Política, do JC, em 25/10/2010

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