segunda-feira, 12 de julho de 2010

Abaixo o “jeitinho”!














Você, eleitor, que paga tributos e se esforça para manter as contas sempre em dia, não se incomoda de ser representado por um político de reputação duvidosa? É provável que alguns dêem de ombros e lancem o velho chavão de que “político é tudo igual”. Mas certamente a maioria das repostas será afirmativa.


Foi exatamente com a intenção de proteger o eleitor contra a ascensão de políticos condenados na Justiça por atos improbos que surgiu o projeto da Ficha Limpa. Uma proposta – é bom lembrar – que chegou ao Congresso Nacional embasada por uma grande mobilização popular. Tão forte que até intimidou o conhecido corporativismo da Casa, e terminou aprovada.


Mas a alegria de quem achou que a política brasileira dava sinais de mudança durou pouco. Munidos de advogados caríssimos, especializados em encontrar brechas no direito eleitoral, alguns políticos de ficha mais suja que poleiro de galinheiro conseguiram, na semana passada, as primeiras liminares nas altas cortes, garantindo suas candidaturas. Mais uma vez se fez valer o “jeitinho” brasileiro.


É difícil acreditar que essas pessoas se empenhem tanto em disputar uma eleição movidas por boas intenções. Assim como é difícil acreditar que, depois de condenado por improbidade, mau uso do dinheiro público ou algo do gênero em uma gestão anterior, o tal candidato tenha se regenerado. E acima de tudo, é duro de acreditar que, uma vez eleito para um novo mandato – e ciente da facilidade em burlar a – ele só irá agir de forma idônea.

Infelizmente, porém, tem gente que acredita.

* Texto publicado na coluna Cena Política, do JC, em 12/07/2010

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