segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010












Prazo de validade *

O PMDB continua o mesmo: um balcão de negociações que garantam aos seus filiados um naco de espaço no poder, não importando quem o exerça. E foi o que aconteceu na convenção nacional do partido, sábado passado, quando os setores ligados ao presidente Lula trataram de rifar todos os que se opunham à aliança com a presidenciável Dilma Rousseff (PT).

As articulações para garantir ao partido a vice na chapa de Dilma revelam que a palavra “democrático”, no PMDB, está cada vez mais limitada à sigla. O aval à aliança com os petistas foi uma decisão tomada de cima para baixo, isolando os diretórios de São Paulo, Pernambuco, Santa Catarina e Paraná, contrários ao acordo.

Os paranaenses – liderados pelo governador Roberto Requião – alimentam a olímpica tese de candidatura própria. Os outros três núcleos defendem o apoio a José Serra (PSDB).


Não é a primeira vez – nem deverá ser a última – que o PMDB vende caro seu passe. Nos governos Collor, Itamar Franco e, sobretudo, FHC, a legenda sempre utilizou seu peso político para barganhar a ocupação de cargos. Uma espécie de “norma branca”, não incluída no estatuto partidário.

Como bem lembrou, certa vez, o ex-deputado federal Egídio Ferreira Lima – um dos fundadores do partido, na década de 60 – o PMDB foi criado sob permissão da ditadura militar para abrigar toda a oposição, mas perdeu sua razão de existir após a redemocratização. Desde então, vem servindo apenas aos interesses políticos dos grupos que o controlam. O resultado da convenção é apenas mais do mesmo.

* Texto publicado na coluna Cena Política, do JC - 08/02/10

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