segunda-feira, 5 de abril de 2010
Na pressão
O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) resolveu proporcionar aos seus aliados mais algumas semanas de noites insones. Há pouco, comunicou que resolveu deixar para o próximo dia 30 de abril o anúncio da sua decisão de disputar ou não um terceiro mandato no governo do Estado.
E como a já fragilizada oposição pernambucana deixou mais do que claro, ninguém trabalha com outra opção além da candidatura Jarbas para enfrentar o rolo compressor da reeleição do governador Eduardo Campos (PSB). Por isso, as próximas três semanas e meia serão de pura pressão sobre o senador peemedebista.
Mas Jarbas parece tirar de letra essas pressões, demonstrando uma paciência infinita com as especulações, que só crescem, e sobretudo com os recados em tom mais dramático. Ele já foi "avisado", por exemplo, que da sua candidatura depende a reeleição dos dois senadores da antiga União por Pernambuco, Marco Maciel (DEM) e Sérgio Guerra (PSDB). Também já teve gente "advertindo" que se ele não for candidato, terá sido o responsável pela extinção das bancadas federal e estadual de oposição em Pernambuco.
Apelos drásticos à parte, as consequências de uma recusa de Jarbas em disputar o governo podem, sim, beirar as previsões feitas pelos aliados mais desesperados. É bem verdade que, na contra-mão da "turma da pressão", alguns deles se declaram tranquilos e absolutamente convencidos da candidatura Jarbas. Dizem que só estaria faltando o anúncio.
Entre os mais confiantes estão alguns ex-pefelistas, hoje no Democratas, em legendas-satélites ou mesmo aposentados. Embora não confessem abertamente, o motivo do otimismo é baseado no argumento de que teria chegado o momento de Jarbas pagar a conta pelo apoio integral que recebeu do PFL e do PSDB nos últimos 15 anos.
De fato, a aliança PMDB/PFL era algo inimaginável até meados de 1990, quando surgiram as primeiras notícias de que o acordo estaria sendo articulado nos bastidores. As negociações envolviam o próprio Jarbas e parte da cúpula pefelista, na época sob o comando do governador Joaquim Francisco, do senador Marco Maciel e de deputados federais de peso, como José Mendonça.
Ciente das dificuldades que teria para consolidar o projeto de se eleger governador, já que o seu PMDB não tinha bases fortes no interior, o então prefeito do Recife estabeleceu uma relação de troca com os adversários do PFL - na época os mais numerosos do Estado - que cobiçavam voltar ao comando da capital.
A aliança começou garantindo a eleição de um pefelista, Roberto Magalhães, para suceder Jarbas na Prefeitura do Recife, em 1996. E progrediu, dois anos depois, ao assegurar a vitória do próprio Jarbas para o governo do Estado. Dessa vez, com um plus para os neoaliados: derrotar o governador Miguel Arraes (PSB), que tentava a reeleição, por uma diferença de mais de um milhão de votos.
O próximo passo seria a adesão dos tucanos, para facilitar a reeleição de Jarbas em 2002. Depois, era só cumprir a promessa de garantir que, em 2006, o herdeiro do governo fosse um pefelista, o então vice-governador Mendonça Filho.
Essa parte do acordo, porém, não deu certo. Mas vitória de Eduardo Campos (PSB) foi suficiente para que Jarbas e os aliados democratas e tucanos se distanciasse um pouco. Nas próximas semanas, porém, o senador retomará as conversas com todos eles. Começará com o presidenciável José Serra (PSDB) e passará por Marco Maciel e Sérgio Guerra, até chegar aos deputados federais e estaduais.
Se depender dos antigos aliados, a distância entre eles e Jarbas precisa diminuir novamente. E rápido. Para evitar que as previsões obscuras se consolidem e imponham às oposições no Estado uma redução ainda mais drástica que a de 2006.
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Um comentário:
Volta, Jarbas, para tirar essa corja do phoder!
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