segunda-feira, 22 de março de 2010

Um aliado incômodo












Depois de uma bem-sucedida parceria que durou oito anos, o PSDB agora não sabe como se desvencilhar do aliado DEM. Abalados com a comprovação das denúncias de mensalão no Distrito Federal - que excluíram do partido seu único governador, José Roberto Arruda - os ex-pefelistas tinham recolhido as bandeiras e já nem falavam mais em disputar a eleição presidencial.


Antes do escândalo, o nome do governador do Distrito Federal figurava entre os mais cotados para a vice do tucano José Serra. Ganhava corpo a ideia de repetir a dobradinha FHC-Marco Maciel, que governou o País por dois mandatos consecutivos.

Até Arruda jogar "panetone" no ventilador. Depois da divulgação dos vídeos com distribuição de dinheiro entre o governador e seus auxiliares, o papo da vice mixou de vez e o DEM até passou a apoiar a tese da chapa puro-sangue do PSDB, composta por Serra e o governador mineiro Aécio Neves.


Agora que tudo indica que Aécio não vai mesmo topar a parada, o presidente nacional do DEM, Rodrigo Maia, voltou a falar na aliança e na vaga de vice. Até ventilou um nome: o da senadora Kátia Abreu (TO), presidente da poderosa Confederação Nacional da Agricultura.

O perfil da senadora guarda certas semelhanças com o da ex-candidata republicana à vice-presidência dos Estados Unidos, Sarah Palin. Sobretudo na defesa dos interesses da elite produtora. Só que o
jeitão conservador de Sarah foi apontado por pesquisas como um dos fatores que puxaram para baixo a candidatura de John McCain, derrotado pelo superliberal Barack Obama.

Kátia Abreu, por sua vez, defende abertamente as elites ruralistas do País e não esconde a antipatia pelos ambientalistas. Também não tolera os sindicalistas rurais ligados à esquerda, que a apelidaram de "Miss Desmatamento" e a criticam duramente por seu posicionamento contrário à Reforma Agrária.


Mas não é o perfil da senadora do Tocantins que incomoda o PSDB. É o próprio DEM. Depois do mensalão de Brasília, os tucanos já não parecem tão confortáveis com a possibilidade de ter o partido na vice. Tem gente que, mesmo reconhecendo a integridade de Kátia Abreu, avalia que um democrata - qualquer que seja ele - na vice de Serra vai, inevitavelmente, trazer o Arrudagate para as telinhas de TV nos programas do guia eleitoral dos adversários.

O problema é que o DEM sempre foi leal ao PSDB, nos bons e nos maus momentos do governo FHC. E continua tão fiel que, ao anunciar a disposição de brigar novamente pela vice, Rodrigo Maia deixou claro que o partido não criará dificuldades para os aliados.

O que torna ainda mais difícil encontrar uma maneira suave de dizer "não".

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