segunda-feira, 29 de março de 2010

Cai o pano














Dentro de dois dias, Dilma Rousseff abandona a postura de ministra para assumir, em definitivo, a de presidenciável. Sim, porque embora viesse agindo como tal há muito, e tenha sido saudada no encontro nacional do PT como tal, ela jamais admitiu publicamente a postulação.


Bom, mas a saída do governo só acontece daqui a dois dias. Hoje, ainda ministra, Dilma lançou a segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2), ao lado do presidente Lula, seu grande cabo eleitoral. Sem ele - e o PT sabe disso - ela no máximo continuaria ministra. Candidata, jamais.

Assim como o primeiro, o PAC2 foi colocado sob a coordenação de Dilma. Pelo menos durante os próximos dois dias. Trata-se de um pacote que prevê investimentos da ordem de R$ 1,59 trilhão, entre 2011 e 2014. Verbas direcionadas para projetos sociais em áreas delicadas como saúde e habitação.

Mas as declarações de hoje do próprio presidente sugerem que tudo ainda é mera promessa. Ao lançar o PAC2, Lula admitiu que na primeira etapa o governo concluiu bem menos obras do que esperava. Levantamento da ONG Contas Abertas, feito com base nos relatórios do comitê gestor do PAC, revelou que que somente 11,3% dos projetos previstos na primeira etapa do programa foram executados. Traduzindo: somente 1.378 obras foram concluídas.

Acha muito? Pois a previsão atrevida do governo era realizar 12.163 empreendimentos por todo o País em quatro anos. Foi o que Lula prometeu, lá no começo, ainda sem noção da burocracia e das dificuldades de alocar recursos e gerenciar projetos. Os relatórios revelam que pelo menos 54% dessas promessas sequer saíram do papel.

Mesmo assim, o governo lançou o segundo PAC. Na presença de ministros, governadores, prefeitos e parlamentares ansiosos por tirar uma "casquinha", não só financeira, mas também política, do programa. Embora a maioria estivesse bem consciente de que a solenidade de hoje não passava de uma festa de despedida para Dilma. Uma última ajudinha oficial da máquina administrativa à campanha petista.

E aí, engana-se quem pensar que Dilma, a partir de quarta-feira, ficará por sua própria conta e risco, em plena pré-campanha presidencial. Não é o estilo de Lula criar um projeto político e abandoná-lo. Ela não poderá mais aparecer nos palanques ao lado do presidente.

Habilidoso como ninguém, ele certamente dará um jeitinho de continuar impulsionando sua candidata. E sem nenhum temor de sofrer punições da Justiça Eleitoral.

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