quarta-feira, 2 de dezembro de 2009















Cultura da permissividade

Combinada previamente ou não com o governador Eduardo Campos, a saída do secretário de Turismo Sílvio Costa Filho da equipe era inevitável. As denúncias de superfaturamento de shows e de eventos-fantasmas, bancados pelos cofres públicos – ou seja, dinheiro do contribuinte – tomaram uma proporção tamanha que ficou difícil de explicar.

E as explicações que vieram até agora da Secretaria de Turismo e da Empetur não convenciam ninguém. Vai ser preciso mais que isso. Uma investigação profunda dos órgãos competentes, até que alguém possa ser inocentado definitivamente.

O fato é que a permanência de Silvinho no cargo ameaçava se transformar num verdadeiro arsenal para municiar a oposição em pleno ano eleitoral. E Eduardo Campos sabe bem o que é isso.

Ainda está bem viva a lembrança do caso dos precatórios, transformado em escândalo pela então oposição ao governo Miguel Arraes em 1998, que se configurou na principal arma contra a tentativa de reeleição do governador naquele ano.

Não dá para repetir velhos erros. Cabeças precisavam rolar. E rápido. O governo estava na fogueira há uma semana, com as labaredas das denúncias cada vez mais altas.

Daí a se instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Assembléia Legislativa, para investigar o caso dos shows, é outra conversa. Nem a própria oposição está fechada em torno da proposta. CPI em ano eleitoral é um perigo para os políticos investigados e um prato cheio para quem investiga. Em todas elas, sempre há holofotes demais.

Mas quem vai decidir o assunto não são os adversários do Palácio do Campo das Princesas. Uma comissão como essa só será aprovada se o governador assim desejar. Com ampla maioria na Casa, Eduardo já avisou aos aliados que só permitirá a investigação se ela abarcar, também, as ações na área de cultura da administração anterior, comandada pelo seu arqui-rival Jarbas Vasconcelos. Assim, pretende rebater de pronto qualquer tentativa de eleitoralizar o caso.

Em 2002, no final do seu segundo mandato, Jarbas – então com larga maioria na Assembléia – tratou de abafar a tentativa de criação de uma CPI da Cultura, proposta pelo PT, com o apoio dos socialistas. Assim como agora, era ano eleitoral. Na época, teve até deputado governista se arriscando a assinar, mas a pressão foi tanta que os “assanhados” foram obrigados a recuar e retirá-las. No final, não houve número necessário de assinaturas para votar a proposta.

A dificuldade de se investigar denúncias nessa área, aliás, só vem a confirmar o que já se sabe: a cultura, no setor público ou privado, é um dos ambientes mais permissivos aos gestores – sejam eles honestos ou não. Há inúmeros incentivos governamentais para a liberação de verbas para projetos, e uma certa frouxidão nos instrumentos de fiscalização e prestação de contas.

Afinal, ao contrário de outras áreas mais “palpáveis”, cultura não se quantifica. E não existem tabelas para pagamento de cachês aos artistas. Uma grande brecha para a malversação de recursos. Mas isso, só quem pode provar é a Justiça.

8 comentários:

Anônimo disse...

Ligar este caso aos precatórios é má fé.Jornalismo barato.

Unknown disse...

EU GOSTEI MUITO DESTA IDA DO PT AO PODER. NOS MOSTROU QUE NÃO EXISTE POLITICO HONESTO. AQUI EM PERNAMBUCO É UM CASO EXEMPLAR, NEMHUM DELES, MAS NEMHUM MESMO, MEREÇE A CONFIANÇA DO ELEITOR.

Sérgio Montenegro disse...

Creio que o ilustre leitor ANÔNIMO (do Aurélio: que não tem nome ou não o declara) não entendeu. Apenas citei o caso dos precatórios como uma LEMBRANÇA de um instrumento que foi eleitoralizado para uso político CONTRA Miguel Arraes. Usei, na afirmação, o tom crítico. Ao contrário do que o ilustre ANÔNIMO tenha compreendido. Sugiro uma segunda leitura, despida da camisa partidária, para melhor compreensão do texto.
Grato.

Anônimo disse...

Caro Sérgio!

Seu texto, como sempre, é despido de coloração partidária e muito lúcido.

Porém, cada um de seus leitores, entre os quais me incluo, não precisa ser imparcial, como eu. Porém não podemos também ser injustos, como foi o "anônimo".

Esse "silvinho" (com minúscula mesmo), já se sabia que não "comeria o panetone de natal", salvo se for a Brasília....

A linhagem dele diz tudo. Filho de gato... Porém nada que combine mais com esse governo que hoje manda no estado. Alguém duvida que Pernambuco e tantos outros estados brasileiros, não são "outras Brasílias"?

Ele apenas "livrou-se de um sócio menor", pois é melhor perder dedos, que os anéis tão suadamente "ganhos".

Abraço!

Anônimo disse...

Caro Sergio o anônimo irá se identificar em breve.Por ser conhecido seu comentário perderia a força da imparcialidade que pretende.
Quando me refiro aos precatórios,quero dizr que não é mais um fantasma.As pesquisas demonstram claramente isto.A justiça,a estrondosa vitória de Eduardo Campos,o seu excelente desempenho,o falecimento d Miguel Arraes;todos esses fatos jogaram aquela infame campanha na lata do lixo.Apenas um jornalista obeso chamado Scarpa,que acha que trabalha em um jornal independente,qur fazer a ligação direta.
Causa-me espanto não haver nenhum comentário sobre o governo Jarbas,um homem sabidamente rico hoje.
Outros exemplos:Fernando Veloso está construindo um resort.Era da secretaria do governo e ao mesmo tempo da MCI de Lavareda.Este abriu um banco apenas.Ninguém comenta.Vem trabalhando a sua imagem para se tornar um homem chique,longe da imagem acanalhada do grupo político de Jarbas e do próprio.Amigo de artistas,lançamentos de livros acadêmicos...
Terezinha Nunes é outra.Mudou muito de vida.Não consegue ficar bonita.É pedir muito!
A patota do dinheiro brigou toda:Ricardo Carvalho,Lavareda,Edgar Moury,Cadoca...Basta uma centelha para pegar fogo.
O Sr.Armando Lopes julga Silvio Costa antes mesmo de seus adversários.Arriscado do ponto de vista jurídico,além de primário.

Anônimo disse...

Um mutirão foi realizado hoje na Fundarpe,com a supervisão de várias instancias(MP,TCE,TJ...) sobre eventos.
Causou surpresa a ajuda deste atual governo a deputados governistas.O primeiro dossier a ser mostrado será o do dep.Pedro Eurico,em seguida o de Terezinha Nunes.Vá entender este mundo!

Anônimo disse...

Como diria o personagem Didi, de Renato Aragão: "Audácia da pilombeta!"

Que bom que leu o "Salada". Leia uma frase de Ghandi, que coloquei no template do blog. Que, aliás, tá ficando famoso. Afinal de contas, "o primeiro processo a gente nunca esquece", DOUTOR pilombeta.

O medo que faz pessoas como você não são os processos, mas sim o que pode fazer acobertado pelo anonimato, como vem demonstrando.

Aproveito e peço desculpas públicas ao jornalista Sérgio Montenegro, por ser obrigado a usar esse seu espaço de forma tão deplorável. Esta será a última vez que respondo a esse "DOUTOR" lambe botas.

Por respeito às pessoas que aqui acesso, informo que amanhã retirarei todos os meus comentários anteriores a esse, exceto o primeiro.

Sérgio Montenegro disse...

Senhores, estou moderando os comentários por entender que este não é o fórum para disputas pessoais, ainda que envolvam política. E mais inadequado quando o nível é duvidoso.