segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Fadiga do material














Uma máquina forte e azeitada, que funcionou perfeitamente por mais de uma década. Assim poderia ser definida a União por Pernambuco, aliança improvável que uniu ex-adversários do PMDB e PFL (atual DEM) em nome de um projeto de poder no Estado. E uma vez fortalecido com a primeira vitória, o bloco ganharia novos adeptos. Entre eles, o PSDB, cujo peso político garantiria fôlego extra.


Mas como todo acordo político, a aliança PMDB/DEM/PSDB tinha data de validade, e expirou após o pleito de 2006, abalada, sobretudo, por divergências inconciliáveis entre tucanos e pefelistas. Insistir no uso dessa máquina só poderia trazer transtornos. E é exatamente o que está acontecendo.


As declarações do líder do PSDB na Assembleia, deputado Pedro Eurico, publicadas na edição de domingo do JC, traduzem o que todos gostariam de falar. O próprio Jarbas Vasconcelos (PMDB) – comandante-em-chefe do conjunto – tinha consciência de que o ciclo havia se fechado. Ainda assim cedeu à insistência dos aliados para que disputasse novamente o governo este ano.


O resultado é dramático: dificuldades de atrair recursos, evasão de prefeitos para o palanque adversário, desinteresse dos candidatos a deputado pela campanha majoritária e divergências profundas entre caciques dos partidos. Tudo isso apimentado por índices muito aquém dos desejáveis nas pesquisas.


Se mesmo diante de tantos sintomas, a falência da União por Pernambuco ainda não convenceu os mais céticos, o cenário pós-eleitoral o fará. É quando deve ficar claro o namoro entre tucanos e socialistas, de olho em um novo projeto de poder.

* Texto publicado na coluna Cena Política, do JC, em 02/08/2010

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