
Na época em que prestei vestibular, o exame era unificado. O estudante fazia apenas uma prova para disputar as vagas nas universidades Federal e Católica. Foi um suplício.
Não que não estivesse preparado, mas o clima de terror que se cria em torno do vestibular sugere que virar noites, frequentar aulas dirigidas e estudo em grupo, quebrar a munheca de tanto repetir testes, perder o lazer e as festas com família e amigos não vale de nada na hora da prova. O "fera" fica nervoso, gelado. Uma sensação de insegurança que, na maioria das vezes, passa nos primeiros minutos. Mas para outros, infelizmente, só piora.
Por isso fiquei feliz em ver o "unificado" ser substituído pelo formato "peneirão", seguido das provas específicas. Mas mudou o governo, e como sempre acontece neste País, tinham que mexer em alguma coisa. Quando inventaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), foi como se tivessem ressuscitado o danado do "unificado". Só que num grau bem maior de incompetência por parte de quem formula e de quem aplica as provas.
Não fosse assim, o Enem não frequentaria as manchetes negativas dos jornais todo ano. E dá pena ver a expressão de ansiedade dos "feras". Não por se sentirem despreparados, mas por não ter a certeza de que seu esforço vai dar em algo. Simplesmente pagam o pato pelos vacilos dos organizadores. E mais uma vez, o que se viu foram vacilos. Na logística, na impressão das provas e na repetição de erros menores que há muito deveriam ter sido corrigidos.
Aliás, o processo de seleção das universidades há muito já deveria ter sido radicalmente modificado, com o fim dos vestibulares e a aceitação de alunos mediante a avaliação de notas recebidas ao longo da sua vida estudantil. Esse sim, seria um processo estimulante desde o tenro início e, de fato, selecionaria as melhores cabeças para as melhores universidades.
Nos últimos anos, o Brasil deu passos largos em vários aspectos da vida social. Mas nesse caso específico do Enem, lamentavelmente continua andando para trás.
Um comentário:
Como estou indo para o trabalho resta-me um curto comentário.
1 - O ENEM é voltado para os pobres. Ou não é??
2 - Precisa ser aperfeiçoado? Claro.
3 - Ocupa "negativamente" as páginas dos jornais? Sim. Quais? Estadão, Folha, O Globo, Veja, etc. Desde quando essa mídia defende os pobres?
F Albuquerque
Nordestino - paraibano - areiense - residente em Curitiba.
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