terça-feira, 14 de setembro de 2010

A cara da política brasileira





O governador-candidato Eduardo Campos (PSB) foi "surpreendido", ontem, com uma festa num bar da cidade para marcar a "adesão" do deputado Pedro Eurico (PSDB) ao seu palanque. Surpresa, porém, é uma palavra que passa longe desse episódio.

Durante os dois anos em que ocupou a liderança das oposições na Assembleia Legislativa, o parlamentar tucano recebeu inúmeras críticas dos seus próprios liderados pelo tratamento excessivamente cortês que dispensava ao governo do ex-aliado.


Ao justificar a virada de casaca, ontem, o próprio Pedro Eurico lembrou ter sido secretário de Habitação de Miguel Arraes, e reafirmou sua antiga amizade com Eduardo. Só faltou explicar porque decidiu trocar o PSB pelo PSDB exatamente no ocaso da liderança de Arraes.

Durante praticamente todo o período em que esteve na oposição, Pedro Eurico fez questão de manter na parede do seu gabinete na Assembleia uma foto de Arraes, para quem quisesse ver. E nas sessões do Legislativo, quando se tratava de bater forte no governo Eduardo, delegava a tarefa à colega tucana Terezinha Nunes - jarbista de carteirinha e inimiga figadal do governador - ou ao demista Augusto Coutinho, que hoje ocupa a liderança das oposições.

Mas ninguém se engane: Eurico não estava, com isso, preparando o terreno para um retorno às origens. Ele, na verdade, nunca se desligou delas. Tanto que, mesmo investido no comando do bloco adversário, sempre recebeu tratamento diferenciado por parte do governador-amigo. Nos bastidores do Palácio, seu retorno era tido como favas contadas.

O tucano anunciou a "virada" de lado por razões bastante pragmáticas e nada inéditas. São motivos que o eleitor já está cansado de ver na política brasileira. Primeiro, é bem verdade, ele levou em conta o clima de indisposição criado com Jarbas Vasconcelos (PMDB) depois das suas críticas à condução da campanha majoritária das oposições, quando afirmou, na imprensa, que o palanque do peemedebista estaria desagregado.

Mas a adesão na reta final deve ser vista mesmo como uma manobra derradeira do parlamentar tucano para tentar renovar o próprio mandato. Algo que já estava difícil dentro do bloco adversário, e ficou impraticável após a briga interna com Jarbas.

Agora, mesmo que ainda tenha de se submeter à matemática eleitoral da sua coligação - que não deverá ter cacife suficiente para renovar os mandatos de todos os parlamentares oposicionistas - o tucano estará livre para pedir votos ungido pela alta popularidade de Eduardo Campos.

É esperar o resultado das urnas para saber se a manobra - por mais questionável que seja - aconteceu a tempo de salvar o mandato de Eurico, um dos deputados mais antigos na Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Um comentário:

Anônimo disse...

Coisa típica de ratos...

Vai pedro eurico, juntar-se aos porcos e com eles comer farelo.

Rezo a Deus por um lampejo de lucidez dos eleitores deste estado e do Brasil.